Um dos "concurseiros" mais eficientes que conheci costumava dizer que, para lograr êxito em concurso público, o sujeito precisa "emburrecer". Isso mesmo. "Emburrecer" no sentido de ser pragmático, objetivo, sem firula. Pessoas com inteligência rebuscada muitas vezes enfrentam sérios problemas nos concursos públicos, cujos limites estreitos não comportam teses, debates nem elucubrações. O concurso público é voltado para um perfil mediano de inteligência, de modo que, com algum esforço, organização e perseverança, qualquer um que não padeça de severa debilidade cognitiva pode ter acesso à maioria dos cargos públicos efetivos.
Um dos grandes desafios do "concurseiro", depois de uma razoável base escolar, do acesso a material de estudo e da disponibilidade de tempo e espaço adequado para umas doses diárias consideráveis de leitura, é focar estritamente no que pode ser cobrado pela banca examinadora. Quase sempre o candidato sozinho tende a perder-se no cipoal de matérias cobradas no edital. As apostilas e os cursinhos preparatórios, geralmente, são excelentes pontos de partida, conquanto se deva abeberar também em outras fontes. É importante conhecer o perfil da instituição examinadora, prestar concursos para áreas com que se tenha maior afinidade, começar por certames com grau de dificuldade menor, ter disciplina e encarar com resignação os infortúnios da preparação e, sobretudo, não desistir nunca; afinal, "concurso não se faz para passar, mas até passar." (William Douglas)
O concurso público é uma ferramenta democrática que decerto ainda precisa ser aperfeiçoada; de toda sorte, não há negar que se constitui num robusto anteparo à nefasta tradição de compadrismo enraizada na cultura política nacional.
Numa época de incertezas econômicas, em que o cargo público é um dos últimos redutos de estabilidade, cujo ingrediente de acesso é o mérito, mais do que nunca, estudar é preciso.
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