segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

FELIZ ANO NOVO!



Aos leitores deste humilde diário, àqueles que o acessam de perto ou de longe, aos que nos enviam e-mails, àqueles que permanecem silentes, espalhados por tantos lugares mundo afora, aos colaboradores e a todos que compartilham conosco alguns momentos da vida e da arte, nossos votos de um ano de 2019 de muita saúde, paz, felicidade, solidariedade, sabedoria e amor!

IMAGEM DO ANO


 

FRASE DO ANO


"Saudade não é falta. Saudade é presença imortalizada dentro da gente." (...)

Aphorismus


"Die Liebe bringt die hohen und verborgenen Eigenschaften eines Liebenden ans Licht, – sein Seltenes, Ausnahmsweises: insofern täuscht sie leicht über das, was Regel an ihm ist."

"Nicht die Stärke, sondern die Dauer der hohen Empfindung macht die hohen Menschen."

"Wenn man sein Herz hart bindet und gefangen legt, kann man seinem Geist viele Freiheiten geben."

(Friedrich Nietzsche. Jenseits von Gut und Böse)

sábado, 29 de dezembro de 2018

100+


"L'aube commençait à dessiner vivemente les contours des sapins sur la montagne à l'orient de Verrières. Au lieu de s'en aller, Julien ivre de volupté demanda à madame de Rênal de passer toute la journée caché dans sa chambre, et de ne partir que la nuit suivante." (Stendhal. Le Rouge et le Noir)

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Eu


Tenho asas e raízes,
Tantas cores e olhares,
Sou igual a seu ninguém.

Sou de todos os matizes,
Todos seres são meus pares,
Minhas dores ninguém tem.

Tenho minhas cicatrizes,
Tantos gostos e pesares,
Sonhos loucos que não vêm.

Não perdoo meus deslizes,
Sobrenado muitos mares,
Não me apego a qualquer bem.

Eu não tenho diretrizes,
Sou de todos os lugares
E do meu lugar também.

Eliton Meneses

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

ÁGUA


escorremos como a água,
água mole, água dura,
por um leito sinuoso
de um rio rumo ao mar.

somos água de uma chuva,
água limpa, água suja,
por caminho estreito e raso,
água-nuvem pelo ar.

somos água de um açude,
sob o sol evaporando;
na sangria resvalando, 
sem saber se aquietar.

somos água densa e turva,
escondida sob a terra,  
que aflora cristalina,
quando sabe se filtrar.

nós mudamos como a água,
ora pedra, ora vento,
mas seguimos sempre água,
que não para de mudar.

Eliton Meneses

domingo, 23 de dezembro de 2018

PLANO


Abriu o envelope deixado em cima da mesa e leu com atenção a carta de encaminhamento dos cartões do plano funerário. Tratava-se do último benefício aos associados do sindicato, anunciado com bastante euforia pelo presidente, com votos de feliz natal e próspero ano novo. O plano não geraria qualquer custo para o associado e cobriria cônjuge e filhos, conferindo uma ampla gama de benefícios, do transporte ao cemitério às coroas de flores...     
Pegou com estranheza o cartão com seu nome, leu com certo incômodo o número da funerária para o caso de emergência e não pôde deixar de imaginar com frio na medula uma situação trágica em que as pessoas encontravam aquele cartão na sua carteira. 
Tentou desviar o mau pensamento e passou para o cartão da sua esposa. Estava lá o nome dela completo, sua companheira de tantos anos, ainda tão jovem. A impressão de que a ideia de um plano funerário no Natal não foi uma boa ideia do sindicato ficou-lhe ainda mais notória. Natal é a celebração da vida e não da morte. Julgava consigo que era melhor que a morte envolvesse a imprevisibilidade não só na sua consumação, mas também nos atos dela decorrentes. Pagar por um enterro de alguma forma parecia atrair a morte, torná-la previsível demais, algo espantoso para uma pessoa jovem e saudável. Ora, se sua companheira falecesse, preferia que não houvesse despesas previamente pagas para o velório, ainda que algumas pessoas pudessem vislumbrar nessa previdência a última moda do progresso civilizatório. 
Pensou em jogar fora ambos os cartões, mas hesitou um pouco, julgou-se por um instante antiquado em demasia, e pegou no envelope o terceiro. Nesse estava escrito o nome completo de sua filhinha. Quando leu atrás o número para o caso de emergência, sentiu um nó na garganta. Não. Não ligaria. Não queria que ligassem. Dane-se a funerária, o sindicato, a gente civilizada. Não queria previdência para velório da filha. Preferia evitar esse mau augúrio! Quebrou os três cartões, jogou-os no balde do lixo e seguiu para o banho aliviado.

domingo, 16 de dezembro de 2018

ÉDIPO REI


"Édipo, filho de Laio, rei de Tebas, e de Jocasta, é abandonado quando bebê porque um oráculo anunciou ao pai que o filho ainda não nascido seria seu assassino. Ele é salvo e cresce como filho do rei numa corte estrangeira, até que, incerto quanto à sua origem, também interroga o oráculo e dele recebe o conselho de evitar a pátria, pois se tornaria o assassino de seu pai e o marido de sua mãe. No caminho que o leva para longe de sua suposta pátria, ele encontra o rei Laio e o mata numa luta travada rapidamente. Depois chega a Tebas, onde resolve os enigmas da esfinge que obstrui o caminho e, em gratidão por isso, é escolhido rei pelos tebanos e presenteado com a mão de Jocasta. Ele reina por longo tempo em paz e com dignidade, gerando dois filhos e duas filhas com a mãe que não conhece, até que irrompe uma peste que leva os tebanos a interrogarem o oráculo novamente. É neste ponto que começa a tragédia de Sófocles. Os mensageiros trazem a resposta de que a peste cessará quando o assassino de Laio for expulso do país. Mas onde estará ele?

                                                       Onde acharemos 
                             algum vestígio desse crime muito antigo?


A ação da peça não consiste em outra coisa senão na descoberta gradativa e engenhosamente retardada – comparável ao trabalho de uma psicanálise – de que o próprio Édipo é o assassino de Laio, mas também o filho do assassinado e de Jocasta. Abalado pelo horror que cometera sem saber, Édito cega a si mesmo e deixa a pátria. O oráculo está cumprido."
(Sigmund Freud. in A interpretação dos sonhos, Vol. 1. L&PMPocket. pp. 283/384) 

CHEMISTRY...


"Infatuation alters your brain chemistry, as though you were dousing yourself with opiates and stimulants. The brain scans and mood swings of an infatuated lover, scientists have recently discovered, look remarkably similar to the brain scans and mood swings of a cocaine addiction – and not surprisingly, as it turns out, because infatuation is an addiction, with measurable chemical effects on the brain." (Committed. Liz Gilbert)