quarta-feira, 31 de agosto de 2016

CANÇÃO DO TAMOIO


Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.

(Gonçalves Dias)

GOLPE DE 2016


A teratologia jurídica que foi esse golpe não poderia ter um desfecho que não fosse igualmente insólito. Condenar Dilma à perda do cargo, sem a inabilitação para o exercício de função pública, quando a Constituição dispõe que a condenação deve ser "à perda do cargo, com inabilitação, (...), para o exercício de função pública" (art. 52, parágrafo único, CF/88), é a confissão inconsciente de que Dilma não está sendo condenada por cometer crime de responsabilidade, mas por ganhar uma eleição...

CONSUMMATUM EST




terça-feira, 30 de agosto de 2016

MUNICÍPIOS MAIS POPULOSOS DO CEARÁ


Fortaleza :: 2.609.716
Caucaia :: 358.164
Juazeiro do Norte :: 268.248
Maracanaú :: 223.188
Sobral :: 203.682
Crato :: 129.662
Itapipoca :: 126.234
Maranguape :: 125.058
Iguatu :: 102.013
Quixadá :: 85.991
Pacatuba :: 81.627
Aquiraz :: 78.438
Quixeramobim :: 77.931
Canindé :: 77.261
Russas :: 75.762
Crateús :: 74.350
Tianguá :: 74.107
Aracati :: 73.188
Cascavel :: 70.574
Pacajus :: 69.877
Icó :: 67.345
Horizonte :: 64.673
Camocim :: 62.734
Morada Nova :: 61.722
Acaraú :: 61.715

Fonte: IBGE. Estimativa 2016

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

RAZÕES DE APELAÇÃO :: CRIME


CURTAS


"A democracia é o lado certo da história." Dilma Rousseff

Se esse golpe se presta a alguma coisa de futuro, essa coisa é a prova do quão forte pode ser uma mulher.

Se esse golpe se presta a alguma coisa de futuro, essa coisa é a prova do quão forte pode ser uma mulher.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

SONETO IV


Tens o peso do mundo em tuas costas;
Uma vida envolta de problemas;
A cabeça repleta de dilemas;
Matutavas atrás de umas respostas.

Receavas descer altas encostas;
Desejavas criar novos sistemas,
Um modelo guiado por poemas,
Que tornasse reais tuas apostas.

Não querias cessar tua risada;
Não pensavas cair numa cilada,
Pois julgavas a vida uma ciranda.
 
Não sabias do mundo quase nada;
Esperavas o fim da estiada,
Vendo a chuva deitado na varanda.

Eliton Meneses

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

SANTANA


Santana não aceitava ser chamado só de doutor. Exigia o tratamento adequado. Era pós-doutor. Pós-doutor Santana do Amaral. Não fizera três anos de pós-doutorado numa universidade distante para ser destratado pela gente inculta. Foram muitas noites em claro para ser tratado como qualquer um. Quando o chamavam apenas pelo nome, fingia-se de mouco. Mas se o tratavam por doutor, emendava prontamente: 
– Pós-doutor. Pós-doutor Santana do Amaral.  
De nada adiantava dizerem-lhe que o título acadêmico não importava em tratamento diferenciado na vida cotidiana. 
– Cada macaco no seu galho! Faça pós-doutorado e depois conversamos...    
O pós-doutor Santana era professor de física desempregado. Tanto se dedicara à pós-graduação que se esqueceu de arrumar um emprego. O último que apareceu era longe demais e pagava uma miséria. Sua tese sobre o deslocamento dos anéis de Urano não despertara a atenção de universidade alguma. Para não ficar completamente ocioso, resolveu dar aula de reforço para alunos do ensino médio.
Considerava um insulto os adolescentes tratarem-no apenas pelo nome, quando muito por professor Santana. Tentou inicialmente corrigi-los, mas foi debalde. Um deles foi logo dizendo:
– Deixa de besteira Santana! Doutor é quem tem dinheiro!

sábado, 13 de agosto de 2016

VIDA DE REPÚBLICA VII


Minha relação com o Direito foi bem conflituosa. No primeiro semestre, fui algumas vezes estudar à tarde na biblioteca da faculdade, mas logo passei a andar com mais frequência na do Centro de Humanidades, cujo acervo me agradava mais. No Direito, os livros eram velhos e intragáveis; na Humanidades, encontrei o que gostava, literatura, história, filosofia... Nos primeiros semestres do curso, o que menos estudei foi direito, em vez disso li muito Caio Prado Júnior, Sérgio Buarque de Holanda, Celso Furtado... Esse deleite teve um preço, as notas das primeiras disciplinas foram um tanto sofríveis.  
Ia a pé da 1665 para a faculdade, de chinelo, calção e camiseta velha. A maioria dos colegas de turma já chegava de carro, roupas elegantes, perfume importado, celulares e carteiras volumosas. Naturalmente, as afinidades foram poucas. Só no segundo semestre, quando apareceram o Chagas e o Rangel, ambos também interioranos, a coisa melhorou um pouco.    
Mantive inconscientemente o embalo da preparação para o vestibular. Normalmente dormia depois de uma da manhã, estudando na sala dos fundos da Réu. Bernaldo, em preparação para concurso, antes da meia noite pedia arrego. Na sala de estudo da casa vizinha um estudante de medicina lia até mais tarde.
A política estudantil nessa época estava em franca decadência. A fama do centro acadêmico e do diretório central dos estudantes era horrível. Quando o comando do DCE caiu nas mãos da turma que se reunia na Réu, comprovei que a decadência era completa e fiquei aliviado por não ter participado. Tinha consciência de que minha formação encerrava lacunas enormes que precisavam ser colmatadas com muitas leituras, sobretudo extrajurídicas. A prioridade era arranjar um estágio e passar num concurso antes de terminar o curso, além de melhorar a formação geral. 
Dava umas aulas particulares na Aldeota de matemática e física, e saía apressado para o inglês na Casa de Cultura. Um residente vizinho havia aconselhado que eu nem fizesse a prova de admissão, pois o inglês da Cultura era muito concorrido e poucos residentes passavam. Ele tinha passado, mas... Notei a empáfia. Ele podia; eu, não. Fiz a prova e tirei o primeiro lugar geral.
Antes do meio do curso fiz uma provinha e fui chamado a estagiar no escritório modelo da faculdade. Como era residente, ganhei uma bolsa de meio salário mínimo. Segunda, quarta e sexta passava toda a manhã atendendo à população carente. Isso durou pouco tempo, o ritmo de estudo continuou e, logo em seguida, passei em dois concursos: um para técnico da Justiça Federal e outro para escrivão da Polícia Civil. Quando já ia para o curso de formação da Polícia, a Justiça Federal me nomeou e as coisa tomaram um novo rumo. Meu primeiro salário correspondia a dez salários mínimos. Tomei um susto quando vi tudo aquilo na conta. Depois disso, os colegas de celular e carteira volumosa passaram a me olhar com simpatia e alguns até me procuraram para pedir umas dicas de como passar em concurso.    
Continuei sobriamente a vida de residente. Quando não dava tempo ir ao restaurante universitário, comia numa espelunca o almoço de setenta centavos. Caçador se espantava. Dizia que eu devia passar a comer em restaurante sofisticado... Continuei inclusive como diretor da Réu, até que o Irmão me denunciou na Pró-reitoria. Irmão era meu amigo, mas, como pretendia ser diretor, resolveu ir na Pró-reitoria dizer que eu já estava empregado e que tinha inclusive comprado um carro. O máximo que consegui foi o prazo de um mês para desocupar. Acho que ele leu "O Príncipe", que me havia pedido emprestado e nunca devolveu. Leu e não entendeu, porque o Gilmar ficou como diretor provisório, herdando a cobiçada bolsa de meio salário, e, meses depois, o Irmão, em vez de se tornar diretor, foi mais uma vez expulso de uma Réu.