Rimbaud (1854-1891), numa carta a Paul Demeny de 15 maio 1871, escreveu: «je est un autre» ("eu sou um outro"), professando uma concepção original da criação artística: o poeta não pode controlar o texto que sua verve exprime... Disse ainda: «J’assiste à l’éclosion de ma pensée: je la regarde, je l’écoute…» ("Eu testemunho a eclosão do meu pensamento, eu o observo, eu o escuto...")
A fórmula de Rimbaud se opõe frontalmente à concepção cartesiana (e clássica): «je suis j’existe». (Eu sou, eu existo). A certeza da existência do sujeito pensante conduz Descartes a concluir que cada um é auto-consciente e responsável por suas ações perante os outros e perante o Outro absoluto que é Deus.
A liberdade que a fórmula cartesiana confere ao sujeito possui o propósito de poder julgá-lo e condená-lo como culpado. Rimbaud livra a arte das amarras da culpa, tornando-a plenamente livre.
Não é à toa que aos dezenove anos, tendo atingido o máximo da expressão poética, Rimbaud simplesmente abandonou a literatura e foi dedicar-se à vida.
A liberdade que a fórmula cartesiana confere ao sujeito possui o propósito de poder julgá-lo e condená-lo como culpado. Rimbaud livra a arte das amarras da culpa, tornando-a plenamente livre.
Não é à toa que aos dezenove anos, tendo atingido o máximo da expressão poética, Rimbaud simplesmente abandonou a literatura e foi dedicar-se à vida.
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