Era mais um dia que parecia normal quando me deparo ouvindo Nonato Albuquerque e o Grande Jornal da Rádio O Povo/CBN.
Falava, então, o comunicador natural de Acopiara, no interior cearense, que estávamos vivenciando o "Dia do Rádio"!
Nem é preciso, aqui, me estender demais sobre este dinâmico veículo que, até hoje, lança e eterniza os principais sucessos musicais e artistas nacionais! Ademais, quem nunca se emocionou com as vibrantes narrações esportivas e quem nunca parou para ouvir os diversos programas de notícias?
Mas, nesse dia de homenagem ao rádio, deparo com uma "sessão nostalgia" traduzida na voz do inveterado comunicador, oriunda de uma crônica do "poeta do amor", Vinícius de Moraes.
O "poetinha", assim carinhosamente batizado, vivenciava sua volta ao Brasil no início dos anos 50, após 05 anos vivendo no exterior.
Já navegando em mares brasileiros e ainda de dentro do navio que o trazia de volta, o "poeta do amor" pediu um "receptor de ondas curtas" a um camareiro norueguês, tudo na vã expectativa de saber "qualquer coisa" sobre a sua "pátria amada"...
Que surpresa estava reservada ao poeta? Isso nós veremos mais adiante!
Tudo porque a "crônica do poeta" me fez reviver e vivenciar, com a emoção de sempre, momentos de uma particular "sessão nostalgia" de amor à minha terra!
Lembro, como ninguém, que em 2008, residindo no saudoso Estado de Roraima, me emocionei ao sintonizar pela primeira vez a TV Diário de Fortaleza por meio de uma antena parabólica e ali poder assistir ao telejornal "Diário na TV".
Meu Deus! Que emoção eu senti, ao ver, pela TV Diário, as ruas da minha terra!
E o que dizer quando, em 2009, trancado, propositalmente, sozinho em meu quarto, na querida cidade de Eunápolis, no extremo Sul da Bahia, e sintonizando o rádio pela internet, pude ouvir as emocionantes palavras do narrador Evaristo Nogueira, que tentava traduzir a emoção de um povo ao ver o Ceará Sporting Clube de volta à elite do futebol brasileiro!
Lembranças, emoções e recordações que vivenciei e senti nem faz tanto tempo assim, quando morei e trabalhei longe da minha terra e do meu Estado!
Voltando às origens do nosso texto, mas sem ainda terminar o comparativo atual, se, nestes tempos de internet, é difícil descrever as emoções, sonhos e lembranças daqueles que, de algum modo, longe vivem de suas origens, imaginemos nós o que seria para Vinícius de Moraes, no início dos anos 1950, sintonizar o que quer que fosse a respeito do BRASIL...
Reitero, então, a pergunta acima: - O que ouviu o poeta? Curiosamente, por coincidência ou não, o primeiro nome ouvido pelo poeta respondia por... IRACEMA!
A "virgem dos lábios de mel" emprestava seu nome a uma das mais famosas rádios de Fortaleza à época! E foi o sinal da Rádio Iracema de Fortaleza que, no início dos anos 50, emocionou um dos maiores gênios da nossa arte!
Neste final, limito-me a dizer uma obviedade: Vale sempre a pena ler Vinícius de Moraes...
Raphael Esmeraldo Nogueira
Defensor Público e Cronista
Um comentário:
É, amigo cronista, salve o rádio! Que formou gerações e ainda anunciará o fim do mundo! Salve Vinicius de Moraes! Que escreveu algumas das nossas mais belas poesias! E salve a terra de Iracema, que tanta falta nos fez no exílio! Duvido se um cearense, por mais "cult" que seja, morando no "oco do mundo", não trema nas bases e se emocione ao assistir à TV Diário, ao ouvir a música do Aviões do Forró e, especialmente, ao ver o Vozão subindo para a 1.ª Divisão! Grande crônica, amigo!
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