sábado, 29 de setembro de 2012

ANEDOTA PALMENSE


Com a curiosidade de menino maluvido, na Palma do final dos anos 80 e começo dos anos 90, escutei muita história interessante. Numa época de intensa reforma da rodovia que cruza a cidade, a empresa de asfaltamento se instalava, com todo o maquinário e pessoal, na margem da pista oposta ao matadouro público.
Os muitos trabalhadores da firma acabavam vivendo em Coreaú, incorporando-se ao seu cotidiano. Um dos mais marcantes, sujeito magricela de altura e idade mediana, metido a boêmio romântico, costumava beber no bar da esquina com meu pai, para contar e ouvir algumas anedotas. Sentado atento num velho banco de madeira, eu escutava por horas a prosa autobiográfica de duas vidas repletas de experiências.
Zé Mazim contou que, certa feita, naquele mesmo bar, havia sido de tal forma afrontado por um moço impertinente das bandas do Alto que teve que partir para as vias de fato, manchando sua reputação de homem pacífico e equilibrado.
O sujeito havia destratado os camaradas da firma, chamando-os de vagabundos, raparigueiros e forasteiros desonestos. Zé Mazim ainda tentou ser diplomático, pedindo calma e oferecendo uma dose de cana ao detrator. Não adiantou. O sujeito, embriagado, mas ainda com ares de empáfia, continuou o ataque verbal. Até que Zé Mazim não se conteve e partiu para tomar satisfação.
Ao primeiro arroubo de Zé Mazim, o sujeito foi logo tentando encabular:
- Você sabe com quem está falando?
Ao que Zé Mazim respondeu:
- Sei! Com um fuleragem!
E cobriu-lhe de socos e pontapés, sangrando-lhe o nariz e o canto da boca.
Logo em seguida apareceu a turma do deixa disso e apartou a briga, tomando cada um dos lutadores o seu caminho. Ao despedir-se, o derrotado ainda lançou uma sombria advertência:
- Pode-se preparar para dormir na cadeia, cabra safado!
Zé Mazim seguiu taciturno até a Rua do Peão, onde morava, preocupado com a perspectiva de ser preso ainda naquela noite que já começava a cair.
Deitou-se na rede, permanentemente armada, atinando em cada voz e em cada passo que percorria sua rua deserta. Chegara há pouco na cidade. Não conhecia praticamente ninguém. O moço que acabara de enfrentar poderia pertencer a alguma família importante, poderia ter alguma influência política. Era provável que a polícia logo o viesse recolher.
Nunca havia sido preso. Tinha um certo trauma de polícia, desde a adolescência marcada pelo auge da ditadura militar.
Conseguiu dormir um sono leve e atribulado, acordando a cada passo repentino na calçada, a cada cochicho que se achegava a sua porta. Olhou ainda umas três vezes pela fresta da porta e somente viu uma rua vazia. Depois o cansaço o pegou.
Aos primeiros raios do dia, Zé Mazim tomou o café, preparado pela vizinha Marlene, aprontou-se e seguiu, ainda com uma leve ressaca, para a firma, pedalando, com um suor frio, a velha bicicleta.
Ficou contente por não ouvir qualquer comentário dos camaradas sobre o incidente do dia anterior. Seguiu o trabalho confiante e já sorridente, até que uma visão sinistra o paralisou!
Na entrada da firma, já se identificando, dois guardas enormes estavam vindo prendê-lo. Não hesitou. Pulou rápido do caminhão que acabava de descarregar e embrenhou-se pela mata que cobre o serrote vizinho, subindo até a uma altura que imaginou livre de uma possível perseguição.
Na firma, os camaradas deram logo pela falta do Zé. Ninguém o tinha visto sair. Ainda fizeram uma busca no entorno, na rua, comunicaram o sumiço à polícia, mas, algumas horas depois, seguiram contrariados a dura rotina de trabalho.
No serrote, bebendo os pingos que desciam de um olho d'água e sem nada para comer, Zé Mazim ainda suportou um dia e uma noite na mata, sentado numa pedra e dormindo numa cama improvisada de galhos. Imaginando ter livrado o flagrante, resolveu reaparecer.
Na manhã seguinte, apresentou-se reticente na firma, perguntando apressado para a primeira turma que avistou por onde andava a polícia que o tinha ido prender no dia anterior.
Os camaradas o saudaram com efusão, estranhando a história de polícia e de prisão, tendo um deles respondido:
- Que polícia? Não andou polícia nenhuma por aqui! Ontem, antes do seu sumiço, só vieram aqui dois guardinhas da SUCAM para dedetizar o depósito de material!
Só então os camaradas compreenderam, às gargalhadas, a razão do sumiço do Zé! 

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

UMA CRÔNICA AO CRONISTA



Confesso, logo de início, que desde pequeno sempre me considerei diferente do restante das pessoas ao meu redor porque os meus hábitos realmente eram pouco comuns. Depois que a gente cresce, conversa, diversifica e, conhecendo ainda mais pessoas, percebe que não é o único a ser "tão diferente assim".
Confesso que, naquela época, enquanto muita gente gostava basicamente de música e artistas e festas e coisa e tal, eu gostava muito de notícia! Principalmente o noticiário esportivo! Tanto assim que, recentemente, um certo "companheiro de trabalho" resolveu me batizar de "enciclopédia do futebol cearense"! Nem sei se tanto sei, mas hoje eu bem sei que esse "saber que sei" um dia corre o risco de virar folclore!
De fato, eu tinha uma certa afixação por jornal! Conhecia, desde pequeno, emissoras de rádio-jornalismo do eixo Rio-São Paulo, como a CBN, a Jovem Pan AM, Rádio Bandeirantes. Era comum eu sair para o colégio ouvindo o "Jornal da Manhã" da Rádio Jovem Pan/SP, durante tanto tempo retransmitido pela "Rádio O Povo".
Quem me conhece de hoje talvez não estabeleça tal conexão porque, algumas vezes, ando mais conhecido pelas músicas de que gosto do que por estar "antenado" demais, com outras coisas.
Mas tudo tem um certo sentido... Ainda entre o final dos anos 90 e o início dos anos 2000 , meu pai fez a assinatura anual e diária do Jornal O POVO. E ali eu começava a ler o caderno de Esporte até o de Política, Cidade e até Economia... Se existia um "caderno dispensável", era aquele de cultura, o tal Vida & Arte! Nas poucas vezes em que o li, buscava simplesmente a coluna "política-humorística" de José Simão. Contudo, nessas idas esporádicas àquele caderno, me coloquei a ler, nem lembro porque, uma crônica dele... Airton  Monte!
Seria passar por ridículo dizer que lembro o conteúdo, as palavras, o que ele escreveu! Seria tão absurdo que não dá nem pra dizer que é mentira!
Mas, em verdade, tempos depois, me vi indo ao Vida & Arte toda semana para me divertir com as palavras, os trocadilhos, o jeito fácil, os fatos sociais e as "coisas da vida" transformadas em poemas do cotidiano!
Tempos depois, quando os deveres chamavam e o tempo para leitura do jornal diminuiu, me via a ler somente o Esporte, a Política e o... Airton Monte! Quando as provas chegavam e o tempo apertava, então "folheava" o Esporte, a Política e lia o Airton Monte! Por fim, quando pelo vestibular nem tempo tinha, eu simplesmente lia... o Airton Monte!
Sentimento Abrupto? Sinceramente, não sei! Mas, às vezes, é "...besteira querer explicar a vida e as paixões que nos tomam de assalto. Simplesmente, elas acontecem."
E foi mais ou menos assim que o jornal me deixou de ser um mero "retransmissor de notícias"! E que o conhecimento deixou de ser somente aquele "politicamente correto"!
De verdade, a crônica de Airton era cotidiana, sem deixar de exercer uma crítica-política. Era boêmia, sem deixar de ser séria! Era poética, apesar de encerrar inúmeros gols do Fortaleza - tudo num gostoso "trocadilho alvinegro", se me permitem! Às vezes, sua crônica era até "viril", mas nunca sem deixar de cortejar sua "bem amada", afinal.... "me digam, meus senhores do conselho, haverá coisa mais sem graça e sem beleza e sem poesia do que um mundo sem mulher? Nele não desejo viver nem passar perto, decerto."
Êita que falando assim mais parece que eu era amigo pessoal e sempre contínuo de Airton Monte... Mentira! E Tresloucada! Juro que não o conheci pessoalmente! E houve tempo que o deixei de ler, tempo que voltei, enfim. A verdade nisso é que sempre "resta ao escritor, quando dá de cara com um bom filão, explorá-lo até as últimas consequências enquanto render, frutificar. Todo o resto é conversa fiada pra boi insone dormir." – Eu só não imaginei que o meu filão, um dia, seria você, caro cronista!
Por fim, a notícia de seu falecimento me remeteu a uma dúvida assaz curiosa: Até onde nós perdemos um "amigo antigo" que nem conhecíamos? Será possível ter um amigo que sequer conhecemos?
Quem lia Airton Monte sabe, como ninguém, que é "Inútil buscar respostas, pois não há respostas. O encontro é o grande fim da humana jornada!"
Vá em paz, amigo!

Raphael Esmeraldo Nogueira
Cronista

DIA D DA GREVE: PALÁCIO DA ABOLIÇÃO

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

ALTERAÇÕES DO NOME CIVIL


O nome é um atributo da personalidade que retrata tanto a identidade subjetiva quanto a identidade social da pessoa, sendo formado pelo prenome (nome próprio) e pelo sobrenome (origem familiar). Por questão de segurança das relações sociais, vige o princípio da imutabilidade do nome; no entanto, dito princípio comporta algumas exceções. Uma delas diz com a possibilidade de a pessoa alterar o seu nome no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, desde que preservados os apelidos de família (sobrenome) (art. 56, Lei nº 6.015/73). Assim, entre os 18 e os 19 anos, a pessoa pode-se dirigir ao Cartório em que está registrada para pedir a alteração do seu nome, tendo em conta não ter participado da sua escolha inicial. Uma outra exceção à imutabilidade permite que se altere o nome que exponha a pessoa a situações vexatórias, ridículas e humilhantes (art. 55, parágrafo único, Lei nº 6.015/73). Nesse caso, a alteração poderá ser requerida a qualquer tempo, perante a Vara de Registros Públicos. É possível, ainda, a substituição do prenome por apelido público notório (art. 58, Lei nº 6.015/73), podendo-se simplesmente acrescentar o apelido, sem alterar os outros elementos do nome. São os casos famosos de Lula, Xuxa e Pelé. A substituição do prenome será admitida também em razão de fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime (art. 58, parágrafo único, Lei nº 6.015/73), no caso das pessoas incluídas no programa especial de proteção às vítimas e testemunhas. Admite-se ainda a alteração do prenome, na Vara de Família, quando não houver correspondência entre o sexo anatômico e o psicológico da pessoa, mesmo antes de eventual cirurgia de mudança de sexo. Altera-se o nome também com o casamento (art. 1.565, § 1.º Código Civil) e com a união estável (art. 57, § 2.º, Lei 6.015/73), podendo qualquer dos noivos ou conviventes acrescer ao seu o sobrenome do outro, que poderá ser ulteriormente suprimido com o divórcio (art. 1.578, § 1.º, Código Civil), com a dissolução da união estável (art. 57, § 5.º, Lei 6.015/73) e com a viuvez (STJ, REsp 363.794/DF, DJU 27.06.2002). Na adoção, deve ser incluído no nome do adotado o sobrenome do adotante, podendo haver alteração do prenome se ambas as partes desejarem, salvo na adoção de maior de idade, que admite somente a alteração do sobrenome (art. 1.627 e art. 47, § 5.º, Lei 8.069/90). A alteração do nome também é possível no reconhecimento ulterior de paternidade ou maternidade, para a inclusão do sobrenome do pai ou da mãe (art. 102, 4.º, Lei 6.015/73) e na hipótese de erro gráfico evidente, cujo processamento poderá ser no próprio Cartório (art. 110, Lei 6.015/73). Nos nomes próprios de origem estrangeira, é possível optar-se, a qualquer tempo, pela forma aportuguesada ou pela sua versão original (art. 43, Lei 6.815/90), podendo, por fim, haver alteração, em que pese alguma relutância da jurisprudência, na hipótese de homônimos abundantes que causem embaraços sérios na vida civil da pessoa (vide, contra: REsp 647.296/MT, DJU 16.05.2005, p. 348). 

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O DIA DO RÁDIO, A NOSTALGIA E O AMOR À PÁTRIA



Era mais um dia que parecia normal quando me deparo ouvindo Nonato Albuquerque e o Grande Jornal da Rádio O Povo/CBN.
Falava, então, o comunicador natural de Acopiara, no interior cearense, que estávamos vivenciando o "Dia do Rádio"!
Nem é preciso, aqui, me estender demais sobre este dinâmico veículo que, até hoje, lança e eterniza os principais sucessos musicais e artistas nacionais! Ademais, quem nunca se emocionou com as vibrantes narrações esportivas e quem nunca parou para ouvir os diversos programas de notícias?
Mas, nesse dia de homenagem ao rádio, deparo com uma "sessão nostalgia" traduzida na voz do inveterado comunicador, oriunda de uma crônica do "poeta do amor", Vinícius de Moraes.
O "poetinha", assim carinhosamente batizado, vivenciava sua volta ao Brasil no início dos anos 50, após 05 anos vivendo no exterior.
Já navegando em mares brasileiros e ainda de dentro do navio que o trazia de volta, o "poeta do amor" pediu um "receptor de ondas curtas" a um camareiro norueguês, tudo na vã expectativa de saber "qualquer coisa" sobre a sua "pátria amada"...
Que surpresa estava reservada ao poeta? Isso nós veremos mais adiante!
Tudo porque a "crônica do poeta" me fez reviver e vivenciar, com a emoção de sempre, momentos de uma particular "sessão nostalgia" de amor à minha terra!
Lembro, como ninguém, que em 2008, residindo no saudoso Estado de Roraima, me emocionei ao sintonizar pela primeira vez a TV Diário de Fortaleza por meio de uma antena parabólica e ali poder assistir ao telejornal "Diário na TV".
Meu Deus! Que emoção eu senti, ao ver, pela TV Diário, as ruas da minha terra!
E o que dizer quando, em 2009, trancado, propositalmente, sozinho em meu quarto, na querida cidade de Eunápolis, no extremo Sul da Bahia, e sintonizando o rádio pela internet, pude ouvir as emocionantes palavras do narrador Evaristo Nogueira, que tentava traduzir a emoção de um povo ao ver o Ceará Sporting Clube de volta à elite do futebol brasileiro!
Lembranças, emoções e recordações que vivenciei e senti nem faz tanto tempo assim, quando morei e trabalhei longe da minha terra e do meu Estado!
Voltando às origens do nosso texto, mas sem ainda terminar o comparativo atual, se, nestes tempos de internet, é difícil descrever as emoções, sonhos e lembranças daqueles que, de algum modo, longe vivem de suas origens, imaginemos nós o que seria para Vinícius de Moraes, no início dos anos 1950, sintonizar o que quer que fosse a respeito do BRASIL...
Reitero, então, a pergunta acima: - O que ouviu o poeta? Curiosamente, por coincidência ou não, o primeiro nome ouvido pelo poeta respondia por... IRACEMA!
A "virgem dos lábios de mel" emprestava seu nome a uma das mais famosas rádios de Fortaleza à época! E foi o sinal da Rádio Iracema de Fortaleza que, no início dos anos 50, emocionou um dos maiores gênios da nossa arte!
Neste final, limito-me a dizer uma obviedade: Vale sempre a pena ler Vinícius de Moraes... 

Raphael Esmeraldo Nogueira
Defensor Público e Cronista

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

PARABÉNS, QUERIDA PALMA E AMADO COREAÚ/CE!



ROMPIDA A ALVORADA DESTA SEGUNDA-FEIRA, 24 DE SETEMBRO DE 2012, LOGO APÓS A CHEGADA DA PRIMAVERA, NOSSA TERRA CALIENTE DA PALMA (DIGA-SE BROA), DA CARNAÚBA, DO OUTRORA CHAPÉU DE PALHA, DO CAJU E DA MANGA, COMPLETA, COMEMORA E REMEMORA SEUS 142 ANOS DE VIDA DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA, DEPOIS DE VÁRIOS PARTOS DIFÍCEIS EM QUE RETROCEDERA À CATEGORIA DE DISTRITO DA AUGUSTA SOBRAL.

NESTA DATA, COMO FILHO DESSE TORRÃO PÁTRIO, SÓ POSSO LHE DESEJAR MUITO SUCESSO E ESPERANÇA DE DIAS MELHORES, DE BEM-ESTAR E SOPRO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL, NÃO SOMENTE PARA O SEU ESCLARECIDO E HOSPITALEIRO POVO, MAS TAMBÉM PARA O SEU ABENÇOADO TERRITÓRIO (SEDE E DISTRITOS DE UBAÚNA, AROEIRAS E ARAQUÉM), POIS É FATO DE QUE MUITO PRECISAS E HÁ MUITO TEMPO, POIS INFELIZMENTE ANDARA ESQUECIDA.

COREAÚ E SEU POVO PRECISAM ENTRAR EM SINTONIA E DESPERTAR AS CONSCIÊNCIAS CÍVICAS, MORAIS E ÉTICAS PARA ADVIREM MELHORES DIAS A SEREM USUFRUÍDOS COMO PRÊMIO: O BEM-COMUM E O SEU TÃO DESEJADO DESENVOLVIMENTO (SOCIAL, CULTURAL E ECONÔMICO), SENÃO ESTAREMOS MALFADADOS À ETERNIZAÇÃO DO MARASMO E DO RETROCESSO. SERÁ UMA PENA SE ISSO CONTINUAR OCORRENDO EM DETRIMENTO E PREJUÍZO DE SUA POPULAÇÃO. PREFIRO ÀQUELA.

É PRECISO CONSCIENTEMENTE RENUNCIAR AO APEGO INDIVIDUALISTA EM PROL DO BEM-ESTAR COLETIVO, EM QUE TODOS SAEM GANHANDO COM MORAL, ÉTICA E CIDADANIA.

É PRECISO SE DESVENCILHAR DAS AMARRAS DO ATRASO, DO EGOÍSMO E DO INDIVIDUALISMO PARA ALÇAR A BRISA DA ESPERANÇA E DA PERSEVERANÇA DE DIAS MELHORES, TUDO EM HARMONIA COM A PAZ, O COMPROMISSO, O TRABALHO E A SOLIDARIEDADE.
ACREDITO QUE QUANDO O POVO DE COREAÚ ACORDAR COM SUAS MENTES E CONSCIÊNCIAS RECHEADAS DO PLENO EXERCÍCIO DA CIDADANIA E DA DEMOCRACIA, O ROMPER DA AURORA DE DIAS MELHORES VIRÁ, PARA A FELICIDADE DE TODOS.

PARABÉNS, COREAÚ!

De Boa Vista – RR, 24/09/2012, para Coreaú/CE.

COSMO CARVALHO
Engenheiro e Advogado coreauense

sábado, 22 de setembro de 2012

MUSEU DA MEMÓRIA DE COREAÚ



Tive, finalmente, a honra, nessa festa de setembro em Coreaú, de conversar pessoalmente com o historiador Leonardo Pildas. Com sua voz mansa e delicada, nosso refinado historiador, em pouco tempo, conseguiu-me  revelar muito do seu extraordinário universo. Desde logo, descobri o nascedouro e o norte de toda a sua memorável obra: o amor incondicional à sua terra natal. O amor à Palma, pontuado pelo desafio de torná-la reconhecida além-fronteiras, tem movido Leonardo Pildas, ao longo de sua vida, numa luta incansável e praticamente solitária para preservar a memória histórica e cultural de Coreaú.
Com a perseverança e o desprendimento de sua alma franciscana, Leonardo Pildas tem pesquisado a história da Palma qual um garimpeiro afortunado, reescrevendo-a qual um ourives apaixonado. Compreendi, então, a raiz do caráter romântico da obra do historiador da Palma, voltada deliberadamente a enaltecer as glórias de sua terra e não a criticar o seu processo de formação econômico-social.
No dia seguinte, visitei a casa da família do historiador (vide foto), onde encontrei uma breve amostra do seu inestimável acervo. Livros, fotografias, documentos, todo um rico patrimônio colecionado, ao longo de décadas, com esmerado denodo.
O Arquivo Memória de Coreaú, formado pelo historiador, converteu-se no Centro de Memória de Coreaú, tamanho o crescimento do acervo, com perspectiva de originar o Museu da Memória de Coreaú, quiçá com sede na própria casa da família do historiador, o que constituiria decerto um marco na vida cultural da cidade.
Lamentavelmente, a homérica obra do historiador da Palma não tem contado com qualquer subsídio oficial, muito embora tenha granjeado o reconhecimento público e notório. Desse modo, nesse ingente desafio de preservação da memória histórica e cultural da Palma, pomo-nos à disposição para colaborar de alguma forma, conclamando todos os coreauenses e, em especial, o poder público municipal, independentemente das vicissitudes político-partidárias, a despertar para o patrocínio da relevante obra histórico-cultural de Leonardo Pildas, que poderá culminar com a instituição do Museu da Memória de Coreaú, assegurando ao Município uma posição de vanguarda na preservação da sua história e da sua cultura.         

O TAMBÉM POETA JOÃO TELES DE AGUIAR


Além de moderador do blog COREAUSIARA, o Professor João Teles de Aguiar vem se revelando um excelente poeta, principalmente como cordelista, tendo publicado vários cordéis, entre os quais menciono aqui o último, qual seja, “OS DRAMAS DE ROMUALDO”.
“OS DRAMAS DE ROMUALDO” narra a história de um jovem do interior que, depois de passar por várias adversidades na vida, supera-as por meio dos estudos e consegue seu espaço.
Eu, na condição de Professor de Língua Portuguesa do Ensino Médio da Escola Vilebaldo Aguiar, em Coreaú, apresentei essa semana o cordel em comento a meus alunos da 3.ª Série, momento em fizemos uma leitura e uma análise da obra.
Essa turma da 3.ª Série (antigo 3.º Científico) interagiu de forma satisfatória, tendo gostado, evidentemente, dos versos muito bem trabalhados pelo “ourives da palavra”.
Ao ensejo da aula, conversei ainda com meus alunos acerca da criação da ACADEMIA PALMENSE DE LETRAS (APL), ocasião em que falei sobre os propósitos da agremiação e bem como citei os nomes de seus atuais integrantes.
Ao término da aula, dei para cada aluno ali presente um exemplar do cordel.
Em resumo, foi uma aula diferente, fora do comum, e rentável.
Na próxima oportunidade, com a mesma turma, tratarei do jornal da APL.

FERNANDO MACHADO ALBUQUERQUE
Professor e membro da APL

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

COREAÚ TEM UM ESCRITOR NO CASULO



Muito proveitosa a reunião realizada no sábado último, 15 de setembro, em Coreaú, para tratar de assuntos inerentes à Academia Palmense de Letras (APL).
Depois da reunião, como já comentado pelo membro da APL, Eliton Menezes, fomos até o distrito de Araquém, onde pudemos constatar o profícuo trabalho realizado pela AEDI e pelo Professor José Maria Gomes de Lima.
Mas queria dizer que fiquei boquiaberto, estupefato com o trabalho do estudante FRANCISCO ERANDIR LIMA ALBUQUERQUE, Acadêmico do Curso de Filosofia da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA).
Ao visitá-lo, constatamos que ERANDIR tem 5 (cinco) ROMANCES produzidos por ele, os quais têm os seguintes títulos: O LOURINHO, A MOÇOILA, LIMARA, DISCÊNCIA, O RELIGIOSO E O ATEU.
O que mais me impressionou - como aos demais “imortais” -, foi a forma como ERANDIR escreveu esses livros, ou seja, fê-los à mão, desde as capas até os completos miolos dos romances, usando uma caneta esferográfica, ou seja, produziu-os sozinho, sem a intervenção de ninguém e sem o emprego de algum recurso tipográfico ou de informática.
Não tivemos a oportunidade ainda de fazermos uma leitura, por completo, de cada obra, todavia, percebe-se, a priori, que se trata de escritos interessantes e que merecem atenção, posto que revestidos de arte, de arte literária.
Certamente, um literato que nasce nas entranhas do distrito de Araquém, e que precisa ser lapidado e conduzido aos anais da literatura de Coreaú.
Parabéns, Erandir.

FERNANDO MACHADO ALBUQUERQUE
Professor e membro da APL
Coreaú-CE

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O MERCADO DO VOTO



Venerando os tempos idos; 
No engenhoso afã eleitoral;
Os votos não eram vendidos
Por um punhado de vil metal.

Meu pai disse: no seu tempo,
Não se rateava a corrupção,
Prefeito prometia o emprego,
Sem prestar sinal ou caução.

Olvidando a promessa feita,
Na véspera da nova eleição,
Desafiava possível despeita,
Acorria solícito ao cidadão.

Inda que a porta não abrisse,
Indignada, co'a tranca na mão,
Abrandava a ilusão contrafeita,
O vislumbre da prata pelo vão.

 Um reles emprego, compadre,
Não lhe suprimiria a precisão,
Lhe afastaria da peleja da lida,
Mas não traria real redenção.

 Preferi oferecer quantia robusta,
Que a paciência lhe fez merecer,
Também sei quanto a vida custa,
Nossa amizade não irá perecer.

  Aceita, homem besta, o agrado!
Atalha a comadre pressurosa.
Lobrigando o roçado parado,
Exulta co'a oferta miraculosa.

Vetusta prática carcomida,
Torpe viés de degradação,
De consciências prostituídas,
A compradores de arribação.

Grassa a mercancia do voto,
Inflacionada e sem vedação,
Herança de um tempo ignoto,
De onde nasceu a alienação.

O vicioso círculo persiste,
Sem esperança de solução.
Quisera que um dia o inibisse
A força da lei e da educação.

Eliton Meneses

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

MISSIVA VIRTUAL DOS TEMPOS DE JUSTIÇA


Querido Mestre,

Fico contente por saber que "as coisas estão entrando no ritmo esperado". No ritmo do forró, presumo – conquanto seu desempenho no arrasta-pé possa ser considerado pouco técnico, além de um espetáculo doloroso de se ver...

Se por aí não há o vislumbre de nenhuma nuvem negra ameaçadora; por cá, não estou vislumbrando sequer a fumaça do bom direito para deferir o pedido de liminar! Mas a toldar-me o horizonte só mesmo a "obra" vespertina do "primo", precedida sempre de abundante flatulência.

Tirante a galhofa, Dante cunhou no frontispício do seu inferno (dele): "Lasciate Ogni Speranza Voi Ch'entrate". Mas não temei: Caruaru não é um inferno dantesco, talvez no máximo um purgatório, em cujos umbrais deve estar grafado: "Libertas Quæ Sera Tamen".

Sendo consabido seu vasto conhecimento do direito pátrio e alienígena, era de se esperar que o desafio jurídico não lhe causasse desassossego. Tocante ao desafio pessoal, considerando que a paciência não é uma das suas virtudes mais notórias, sugiro que procure se policiar também a si mesmo, cuidando dos arroubos, notadamente os inconsequentes. Busque contornar sem açodamento os percalços, com a habilidade que no fundo você possui. No mais, é no balanço da carroça que as abóboras se acomodam – como diria você mesmo!

Se um fantasma lhe assombra as noites de quarto de hotel, alugue uma casa e saia desse hotel mal-assombrado!

(...)

Com sua invejável cultura, jamais lhe faltarão companhias, máxime na atividade boêmia, ocasião em que o tirocínio e a verve jocosa lhe ficam ainda mais apurados. É natural, pois, que o empresário de artistas tenha-se tornado seu amigo, de olho quiçá no seu indiscutível talento na arte de "savoir vivre".

Pena que o moço seja afilhado do Leandro (já falecido), porque se fosse do Leonardo, você poderia aproveitar para ensiná-lo a cantar "Parlami d'amore Mariù" sem assassinar a língua italiana. E, no embalo, poderia ensiná-lo também a pronunciar corretamente ao menos "un poco" de italiano...

Arrivederci.

Fortaleza/CE, 1.º de julho de 2008.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

IL CANZONIERE - RERUM VULGARIUM FRAGMENTA


SONETO 1

Voi ch'ascoltate in rime sparse il suono
di quei sospiri ond'io nudriva 'l core
in sul mio primo giovenile errore
quand'era in parte altr'uom da quel ch'i' sono,

del vario stile in ch'io piango et ragiono
fra le vane speranze e 'l van dolore,
ove sia chi per prova intenda amore,
spero trovar pietà, nonché perdono.

Ma ben veggio or sí come al popol tutto
favola fui gran tempo, onde sovente
di me mesdesmo meco mi vergogno;

et del mio vaneggiar vergogna è 'l frutto,
e 'l pentersi, e 'l conoscer chiaramente
che quanto piace al mondo è breve sogno.

Francesco Petrarca*

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O USO DAS REDES SOCIAIS NA EDUCAÇÃO


As redes sociais atualmente podem ajudar, e muito, no processo de aprendizagem. Um aspecto positivo que têm demonstrado é que a maioria dos alunos já está habituada a elas, de modo que conseguem compartilhar entre si diversos recursos, como textos, vídeos, fotos, etc.
Desse modo, os alunos podem tanto se divertir quanto usarem a internet para estudar, visto que já estão familiarizados com os seus vários recursos, acessando-os com frequência, o que facilita as atividades realizadas nas redes.
Nas redes sociais como o Facebook, criam-se grupos que ajudam a comunicação de determinadas grupos específicos, formados na maioria das vezes por turmas de amigos mais próximos, colegas de trabalho, familiares, etc. Está comprovado por estatísticas que o Brasil foi o país onde houve o maior crescimento no número de usuários das redes sociais em 2011, revelando que a popularidade das redes virtuais tem aumentado cada vez mais.
Nas escolas, o acesso às redes sociais tem sido bloqueado, sendo alvos de críticas de muitos educadores que os reputam antipedagógicos. No entanto, a questão não deve ser encarada de modo tão simplista, por envolver muitas outras variáveis. Em verdade, é certo que as escolas têm que preservar seus princípios de segurança; no entanto, simplesmente ignorar a nova tecnologia não parece a melhor alternativa.
"A Escola Parque, na Gávea, desenvolveu, no início do ano passado, a EP2, uma rede social interna semelhante ao Facebook. O projeto foi criado dentro da plataforma Ning, que permite a qualquer um customizar uma rede de acordo com suas necessidades. Na EP2, estudantes a partir do 6º ano podem escrever em seus murais, enviar mensagens diretas e participar de grupos de interesses específicos. O espaço virtual é coabitado por alunos e professores." (Jornal O Globo).
O trecho acima mostra uma bela iniciativa de um colégio particular do Rio de Janeiro que explica como educar por meio dos novos recurso da internet, com a adoção de mecanismos de proteção contra os perigos da rede. Pode-se dizer, portanto, que as redes sociais tendem a se converter em parceiras da educação, desde que usadas com comedimento e observando critérios de segurança.

Marinara Albuquerque
2º Ano do EM - Colégio Pedro II

A APL EM PAUTA NA FESTA II


Na véspera do encerramento de uma festa de setembro marcada pelo resgate de valores religiosos autênticos na celebração católica, a Academia Palmense de Letras (APL) realizou uma reunião antológica. Com a presença de Manuel de Jesus, Fernando Machado, Benedito Gomes, João Teles e Eliton Meneses, o arquétipo da agremiação foi engenhosamente revigorado. Decidiu-se pela manutenção do atual nome da entidade (APL), pela edição de uma revista anual, denominada "A Palma", pela criação de um blogue próprio, pela adoção de um brasão, pela fixação de uma placa às margens da rodovia que corta a cidade de Coreaú, indicando que o município já conta com sua Academia de Letras, pela realização de uma feira literária anual, no mês de setembro, pela atração de 02 (dois) novos membros e pela ratificação do nome do acadêmico Manuel de Jesus como presidente da entidade, para um mandato de 03 (três) anos, vedada a reeleição.  
Finda a reunião, o grupo resolveu realizar uma visita, no distrito de Araquém,  ao escritor Erandir Lima, autor de alguns romances e poemas manuscritos e com acabamento artesanal.
Numa rápida parada num comércio tradicional do distrito, o grupo não resistiu a alguns bolos manzapes expostos no balcão e resolveu apreciá-los com um refrescante guaraná Delrio, para aplacar os efeitos da maior seca dos últimos anos. 
Depois, ainda no distrito, uma visita ao principal responsável pelo movimento educacional que tem convertido o Araquém num celeiro de talentos estudantis, competentes intelectualmente e comprometidos com as causas sociais, o Professor José Maria Gomes de Lima, educador memorável digno de todos os encômios, abnegado agente de transformação social e protagonista da luta pela construção de um mundo melhor. 
Na volta para a Palma, fui matutando sobre o quão produtivo havia sido o encontro da APL, convicto de que os bons ventos têm bafejado as velas da agremiação.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A APL EM PAUTA NA FESTA I


A Academia Palmense de Letras se reunirá no sábado à tarde, na Palma, com uma vasta pauta a ser debatida, inclusive com o lançamento do romance Os Dramas de Romualdo, do acadêmico João Teles de Aguiar. A reunião do mês de setembro, por ocasião da festa da padroeira da cidade, possui especial relevância, devendo-se repetir a cada ano, na cadência dos dobrados da Banda Lira Palmense. 
O processo irreversível de consolidação da agremiação prossegue. Non mos ad vitam, sed consuetudo probanda. Aliás,  uma poesia-manifesto sobre a APL acaba de ser veiculada no site do Jornal Mundo Jovem, da PUCRS. A APL tem ido longe! Eis o link: http://www.mundojovem.com.br/poesias-poemas/academia-palmense-de-letras
A mesma poesia-manifesto havia sido solicitada, mês passado, pelo historiador Leonardo Pildas para constar no Centro de  Memória de Coreaú. É a APL gravando seu nome, com poesia, na história da Palma.
Agradecemos, publicamente, a gentileza do Jornal Mundo Jovem e do historiador Leonardo Pildas.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

O PÚBLICO ALVO DA DEFENSORIA PÚBLICA


A Defensoria Pública é a instituição voltada para a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos dos necessitados (art. 1º, LC 132/2009). Em matéria de assistência jurídica, a Constituição Federal não fala em pobreza, mas em necessidade, tratando-a como a insuficiência de recursos, sem especificar-lhes a natureza (art. 5º, inciso LXXIV, CF/88).  
A necessidade que atrai predominantemente a atuação da Defensoria Pública é a referente à insuficiência de recursos financeiros (necessidade econômica). A Lei 1.060/50 define o necessitado econômico como todo aquele cuja situação econômica não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou da família (art. 2.º, parágrafo único).
O art. 1.º da Lei 7.115/83 estabelece que a declaração de hipossuficiência econômica firmada pelo próprio interessado, ou por procurador bastante, sob as penas da Lei, presume-se verdadeira, podendo o defensor público ou o juiz, havendo dúvida fundada, exigir a demonstração da necessidade econômica.
A Lei não fixa um limite remuneratório para o acesso ao serviço da Defensoria Pública, devendo-se proceder à análise da insuficiência de recursos financeiros casuisticamente, tendo em conta não somente o que a pessoa percebe, mas também o que costuma despender consigo e com sua família, as custas e demais  despesas processuais, os honorários advocatícios etc.    
A necessidade jurídica ocorre em determinadas situações previstas em lei em que o defensor público deve atuar para preservar o contraditório e a ampla defesa, independentemente da condição financeira do assistido. No processo penal, ocorre toda vez que o réu não constituir advogado para apresentar sua defesa (art. 396-A, § 2º, CPP); no processo civil, ocorre nas hipóteses da curadoria especial (art. 9º e 218 do CPC). Com efeito, dentre as atribuições da Defensoria Pública, figura o exercício da curadoria especial nos casos previstos em lei (art. 4º, inciso XVI, LC 132/2009). Na hipótese do art. 9.º, inciso I, do CPC, o defensor público atuará como curador especial na defesa do incapaz que não possuir representante legal, ou, caso o possua, quando houver colidência de interesses. Na hipótese do art. 9.º, inciso II, do CPC, o defensor público atuará na defesa do réu preso ou do revel citado por edital ou com hora certa, dês que o réu não apresente sua própria defesa. Na hipótese do art. 218 do CPC, o defensor público atuará como curador especial na defesa do réu que não puder receber a citação por conta de sua demência ou por outra impossibilidade de recebê-la, certificada pelo oficial de justiça.
A necessidade organizacional diz com a defesa de direitos e interesses individuais, difusos, coletivos e individuais homogêneos de grupos vulneráveis que mereçam a proteção especial do Estado, tais como os consumidores, crianças e adolescentes, idosos, pessoas portadoras de necessidades especiais, mulheres vítimas de violência doméstica e familiar etc. (art. 4.º, incisos VIII e XI, da LC 132/2009). Nessa hipótese, a atuação do defensor público também independe da condição financeira do assistido. Assim, uma ação de adoção de uma criança abandonada pode ser patrocinada pela Defensoria Pública, mesmo que os adotantes possuam condição financeira confortável. Uma ação de obrigação de fazer para que se construam rampas de acesso nos prédios públicos pode ser proposta pela Defensoria Pública, mesmo que suscitada por pessoas portadoras de necessidades especiais que não se encontrem na condição de necessidade econômica. A atuação da Defensoria Pública nesses casos retrata a especial proteção do Estado aos direitos e interesses, individuais e coletivos, de grupos com hipossuficiência social.
Há, portanto, três espécies de necessidades que atraem a atuação da Defensoria Pública: a) a necessidade econômica; b) a necessidade jurídica e c) a necessidade organizacional. As  atribuições decorrentes da necessidade econômica seriam, para alguns, a função típica da Defensoria Pública, ao passo que as decorrentes das outras duas seriam funções atípicas; no entanto, com o novo perfil constitucional e legal da Defensoria Pública, não deve haver prevalência de atuação pautada por espécie de necessidade, visto que tanto a vulnerabilidade econômica, quanto a vulnerabilidade jurídica ou a organizacional estão previstas em lei e merecem igual proteção da Defensoria Pública, suscitando todas elas a atuação hodiernamente típica da instituição.    

sábado, 8 de setembro de 2012

DIÓGENES E A SOPA DE LENTILHAS



Conta-se que o filósofo grego Diógenes, certa feita, ao jantar uma sopa de lentilhas, foi interpelado por Aristipo, sujeito de vida confortável, empregado na corte real: 
- Ó Diógenes, se tu aprendesses a bajular o rei, não precisarias tomar essa humilde sopa de lentilhas!
Ao que Diógenes respondeu:
- Ó Aristipo, se tu aprendesses a tomar esta humilde sopa de lentilhas, não precisarias bajular o rei!    

ASCENSÃO CONSERVADORA: MARILENA CHAUÍ

OS DRAMAS DE ROMUALDO



CORDEL. Literatura popular, geralmente em verso, impressa em folhetos ilustrados com xilogravuras. No geral, os versos de cordel tratam de temas do cotidiano, fatos da atualidade e tradições populares, como festas e acontecimentos políticos. Narram, ainda, atos de heroísmo e celebram milagres de beatos. O nome vem da forma como as obras são tradicionalmente exibidas ao público, em feiras e mercados: pendurados em cordões ou barbantes.
Conhecido desde a Antiguidade, o cordel chegou à península Ibérica no século XVI e foi trazido para o Brasil pelos portugueses. Aqui, floresceu, primeiramente, na capital Salvador. Mais tarde, difundiu-se para outros estados da Região Nordeste, como Ceará, Paraíba e Alagoas. Nas demais regiões do país, tornou-se conhecido a partir da década de 1960, sobretudo por meio dos versos do poeta e repentista cearense Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré (1909-2002). (Fonte: Almanaque Abril 2012, p. 237)
Entre nós, acaba de sair do prelo mais um "romance" do poeta cordelista coreauense João Teles de Aguiar. Os Dramas de Romualdo narra "as memórias de um rapazote pobre e meio desafortunado do interior do Ceará, que tropeça (e muito!) nas pedras da vida." A obra, que conta com a chancela da Academia Palmense de Letras (Coreaú/CE) e do Projeto Confraria de Leitura, direciona-se a alunos, pais, professores e cidadãos em geral, podendo ser adquirida por meio de contato com o próprio autor no e-mail: coreausiara@hotmail.com ou no telefone: (85) 3296-8495. 

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

PARA REFLETIR

Fui convidado a prestar alguns esclarecimentos à comunidade do Bairro Pedregal, nos arredores de Aracati, sobre a situação de uma Ação Civil Pública proposta pela Defensoria Pública e o Ministério Público para a regularização fundiária do bairro, atualmente o mais populoso da cidade. 
Trata-se de uma luta antiga dos moradores e dos movimentos populares para o reconhecimento do direito à moradia de uma população estabelecida no bairro já há algumas décadas. Anteriormente um mero descampado, o bairro, próximo à margem esquerda da foz do Rio Jaguaribe, é tangenciado pela BR 304, no entroncamento com a CE-040, e ainda conta com a vizinhança da Faculdade Vale do Jaguaribe e do recém-inaugurado Aeroporto Dragão do Mar, reunindo, portanto, todos os atrativos para a especulação imobiliária.   
Combinei com as representantes da Organização Popular de Aracati (OPA) o encontro para a terça-feira (04.09) à noite, na igreja do bairro, na crença de que encontraria meia dúzia de interessados na regularização da situação jurídica de suas casas. No entanto, quando cheguei ao local, encontrei uma igreja lotada de gente, entoando cânticos e palavras de ordem tocantes à luta popular por direitos. Imaginei que estivesse havendo missa. Fiquei surpreso e desconcertado quando disseram que estavam todos somente à minha espera.  
O acanhamento inicial logo cedeu espaço ao entusiasmo; afinal, estava numa comunidade carente para esclarecer a luta que a Defensoria Pública vinha travando para que cada uma daquelas pessoas tivesse reconhecido o seu direito à moradia. Estava, enfim, no meu elemento, fazendo o que mais gosto de fazer, atuando como Defensor Público no combate às injustiças sociais. Dei razoavelmente meu recado. 
Chamou-me, porém, especialmente a atenção a ênfase que a líder comunitária deu ao falar do caráter apartidário dos movimentos populares da cidade, ressaltando que, independentemente de quem tem ocupado o Poder, a luta das comunidades pelo reconhecimento de seus direitos tem sido historicamente a mesma.  
Saí exultante do encontro, não sem antes agradecer a atenção de tanta gente do Bairro Pedregal e parabenizar o  empenho e a dedicação da Organização Popular de Aracati na luta em favor especialmente das comunidades mais carentes.
Na volta fui pensando numa ideia que há muito me inquieta, a de que não se faz revolução com o voto. Deveras, com um arranjo político-administrativo repleto de limitações, tais como orçamento apertado, folha de pagamento extensa e pressões de toda natureza, notadamente as decorrentes dos financiadores das campanhas demasiadamente onerosas, não há muito o que esperar dos nossos políticos, mesmo dos mais competentes, honestos e bem intencionados. 
É preciso sermos mais céticos em relação à política. Não que deixemos de votar ou mesmo de participar ativamente das eleições. O sujeito indiferente à eleição finda se convertendo no analfabeto político de que fala Bertold Brecht; no entanto, quem muito espera das eleições invariavelmente tem padecido frustrantes desilusões. 
É preciso, portanto, que cada um contribua para a construção de um mundo melhor, inclusive escolhendo os melhores candidatos para ocupar os cargos políticos e fiscalizando a sua atuação, sem esquecer, porém, que há muitas cobranças que costumamos fazer aos políticos que, em verdade, são decorrências dos deveres que nós, como cidadãos, negligenciamos. Nesse aspecto, as líderes comunitárias da Organização Popular de Aracati têm muito a nos ensinar.         

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

IMAGENS DO CEARÁ


Igreja Matriz de Coreaú/CE

Inaugurada no dia 24 de dezembro de 1945, a Igreja Matriz sedia entre os dias 05 e 15 de setembro a festa da padroeira Nossa Senhora da Piedade, ocasião em que coreauenses residentes em todo o Brasil visitam sua terra natal, para rever a família e os amigos, para se inteirar de algumas novidades, para ouvir as músicas saudosas da Banda Lira Palmense, para comer um bolo manzape da feira, e, inclusive, para assistir à missa e pagar as promessas.
Boa festa para todos os coreauenses!     

domingo, 2 de setembro de 2012

NO PROJETO CONFRARIA DE LEITURA



O Projeto Confraria de Leitura, coordenado pelo educador João Teles, há 16 anos vem contribuindo para a formação de cidadãos conscientes por meio da promoção da leitura, com a utilização de outros recursos como a música, o teatro, a pintura... 
O projeto funciona nas escolas Maria Bezerra Quevedo (Novo Mondubim) e Padre Antônio Monteiro da Cruz (Parque Santa Rosa), atende diretamente 100 alunos entre 8 e 12 anos e conta com uma rádio-escola, com o jornal Treme-treme e com o blogue coreausiara
Trata-se de uma formidável iniciativa de resistência que merece todo apoio e reconhecimento, para que renda ainda mais frutos e prolifere noutras escolas e setores da sociedade, semeando sonhos de crianças vulneráveis econômica e socialmente, na defesa heroica da educação e da cidadania, para a construção  ativa de um mundo mais justo.  

sábado, 1 de setembro de 2012

COTAS NO ENSINO SUPERIOR



Cotas, para que te querem,
Os pobres e os coloridos?
Outrora tão conformados,
Hoje em dia tão atrevidos!

A elite avessa à mudança
Não tolera a servil invasão,
Deplora as vagas perdidas,
Alheia à histórica exclusão!

Novo tempo de esperança,
Auspiciosa lei de igualação,
Trata das chagas doloridas,
Reverta a social distorção!  

Inda que haja o preconceito,
Co'a reserva da justa meação, 
O tempo superará o despeito,
Da avara e elitista presunção. 

O Estado social e de direito
Repara a desigual condição;
Exige o proceder escorreito;
Promove integral comunhão.

     Eliton Meneses