A Comunidade do Cumbe, em Aracati/CE, está em luta pela preservação do meio ambiente e contra a degradação gerada pelas fazendas de carcinicultura instaladas no ecossistema frágil de manguezais, o que tem tornado cada vez mais escassa a pesca e a cata de caranguejos, fontes básicas de subsistência da comunidade.
A luta do povo do Cumbe é pela sua própria sobrevivência na área habitada desde tempos remotos por seus ancestrais. Não se trata de um conflito qualquer pela posse particular de um pedaço de terra, mas da luta pela sobrevivência de uma comunidade inteira. Afinal, os moradores do Cumbe sobrevivem basicamente da pesca e da extração de mariscos no mangue, atividades seriamente ameaçadas pela carcinicultura.
Os danos socioambientais provocados pela carcinicultura na zona costeira cearense têm sido objeto de vários estudos acadêmicos, tendo sido alvo ainda da constante vigilância do IBAMA. No entanto, a expansão dos viveiros de camarão na área de mangue insiste em prosseguir. Assim, ciente do absurdo e com receio dos graves danos socioambientais que a atividade vem provocando, a Comunidade do Cumbe resolveu resistir, instalando uma barraca na margem do manguezal para inibir novas investidas contra o ecossistema.
A barraca foi erguida à beira do mangue, numa área pública, caracterizada como patrimônio nacional, de uso comum especialmente dos habitantes do Cumbe, que a utilizam historicamente para suas atividades tradicionais de subsistência.
A luta do Cumbe contra a avidez e a insensibilidade das atividades empresariais que devastam, sufocam e ameaçam seu território tradicional e de uso coletivo tem encontrado aliados em várias esferas, convindo ressaltar a Carta de Solidariedade subscrita por 44 (quarenta e quatro) comunidades e organizações internacionais membros da RedManglar, bem como o apoio e a solidariedade do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), da Via Campesina (organização internacional de camponeses), da Organização Popular de Aracati (OPA) e do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais.
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