quarta-feira, 19 de março de 2014

(IN)CONSCIÊNCIA DE CLASSE


No capitalismo, há a classe dominante, proprietária privada dos meios sociais de produção, e a classe trabalhadora, titular da força produtiva, negociada sob a forma de salário. Entre uma e outra, figura a pequena burguesia, com afinidades sociais e ideológicas com a classe dominante (burguesia autêntica), porque possui capital, retratado em bens móveis e imóveis, malgrado esteja fora do núcleo central do capitalismo, dado não dispor dos meios sociais de produção. São os profissionais liberais bem sucedidos, os servidores públicos melhor remunerados, os diretores de grandes empresas, os donos de pequenas propriedades fundiárias, os pequenos comerciantes... 
Essa pequena burguesia é o que, grosso modo, se chama atualmente de classe média, cujo grande sonho sempre foi ascender à classe dominante e cujo pesadelo maior sempre foi o de se transformar em classe operária. Nesse projeto, a ideologia da classe média prega a ordem e a segurança, tendendo, portanto, a ser conservadora e reacionária, sobretudo no afã de preservar os seus padrões de vida e de consumo. 
Que o crescimento da classe média no Brasil traz consigo uma tendência conservadora e reacionária (já perceptível), não há negar; no entanto, o que ainda causa mais incômodo entre nós é a tendência conservadora e reacionária observada amiúde no seio da própria classe trabalhadora, que muitas vezes no mero limiar do mínimo existencial consegue posar ideologicamente de classe média...

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