Domingo, 23 de fevereiro de 2014, por volta das 17:52 minutos... O árbitro Cleston Santino apita o final do jogo entre Quixadá e Ferroviário. A derrota sacramenta o esperado rebaixamento do time coral, fato que até soou "normal" para todos os que acompanham o velho futebol cearense.
Seguindo os ditames do jornalismo, ao final do jogo, o repórter Kilmer de Campos, pela Rádio Assunção Cearense, se aproxima de Betinho, autor do gol único daquela tarde do Estadio Abilhão, em Quixadá, e questiona:
– Betinho, você fez o gol que rebaixou o Ferroviário?!
A resposta do jogador, contudo, foi emblemática:
– Não, eu não! O Ferroviário já é um time rebaixado de vários anos. Eu fiz apenas aquilo que qualquer um faria.
Por mais esperado que fosse o rebaixamento do Ferroviário, a resposta do atleta do Quixadá despertou em mim um "mix" de sentimentos!
A que ponto chegava o Ferroviário?! Rebaixar o conhecido "Tubarão da Barra" agora já não era "marco" ou "fato" para um atleta profissional! Era apenas uma coisa banal, era algo que qualquer um, e em qualquer tempo, faria!
Reitero, o fato era esperado! Mas a resposta do jogador me fez reviver momentos de uma grande história e revirar alfarrábios, um dia escritos para este mesmo Ferroviário!
A que ponto chegava o Ferroviário! Outrora grande, outrora sonho de tantos atletas profissionais do Estado... O time da "Estrada de Ferro" agora é tido como um time qualquer!
O Ferrim não é mais desejado; pelo contrário, é desdenhado pelos jogadores...
Mas não é esse o Ferrim que eu já vi!
E, puxando apenas da memória recente, nem é tão difícil buscar nos rabiscos momentos que fizeram do Ferroviário um brasão respeitado pelos torcedores de todo o Estado.
Há 20 anos, quando criança, eu vi o Ferrim ser bi-campeão cearense. Eram os anos de 94 e 95.
Chegava 1996 e eu me recordo do nervosismo que era enfrentar esse Ferroviário em busca de um tri- campeonato. Lembro de estar no Castelão na final do campeonato daquele ano! O Ferrim perdeu o tri para o meu Ceará, mas vendendo caro a derrota! O gol do título alvinegro saiu somente aos 43 do 2.º tempo!
Sim, esse Ferrim! Esse Ferrim já deu muito trabalho, amigo!
De 94 a 96, pulo apenas um ano e chego em 1998! Lá estava esse mesmo Ferroviário, de novo, na final do campeonato estadual!
Para os que se recordam, 1998 foi aquele ano atípico em que um regulamento fajuto permitiu ao Ceará "importar" do interior de São Paulo um time inteiro, com treinador e tudo, só pra disputar a final daquele campeonato! Nas palavras do então presidente alvinegro Elísio Serra: "O tri-campeonato não tem preço!"
E não teve mesmo! Mas, ao fazer um ato tão extremo, implicitamente, o "milionário" Ceará assumia que, time por time, era inferior ao "modesto" Ferroviário"!
E, naquela final, eu vi o Ferrim tomar 4 x 1 desse "importado" do Rio Branco de Americana, que vestia a camisa do Ceará. Mas, o que parecia fácil, saiu saiu difícil! O Ferrim devolveu a pancada do primeiro jogo, venceu com autoridade a segundo partida e levou a decisão do campeonato para a prorrogação! O título, ao final, ficou com o Ceará, mas ninguém tira o brio daquele time coral!
Eh, Ferroviário! De tantos e quantos times e jogadores importantes!
Eu mesmo posso dizer que vi o Ferrim ter em seu arco o goleiro Clemer, que depois foi campeão da Libertadores pelo Internacional/RS!
Eu vi o Ferrim do volante Naza, depois campeão brasileiro pelo Vasco, do zagueiro Santos e do lateral Branco!
Eu vi o Ferrim do meio-campo Lima, hoje na Itália, Ricardo Lima e o lendário meia Acácio!
Eu vi o Ferrim que tinha um ataque infernal de Batistinha, Reginaldo e Cícero Ramalho!
Memórias de um Ferroviário grande! E, dentre tantos jogos e campeonatos, esse eu não posso deixar de citar! Como torcedor do futebol cearense, fui diversas vezes ao PV acompanhar o Ferrim que fazia grande campanha na Série C de 2006!
E aquela não era uma Série C qualquer! Aquela era uma terceira divisão que tinha "só" Bahia e Vitória! Os dois maiores clubes baianos, um campeão brasileiro (em 1988) e o outro vice brasileiro (em 1994).
E o Ferrim, representante cearense da época, desafiou os dois! E quase subiu pra segundona!
Lembro que o Ferrim naquela época era comandado por Arnaldo Lira e tinha Fernandinho, hoje no São Paulo, Everton, hoje campeão brasileiro pelo Cruzeiro e ele, o eterno artilheiro, Sergio Alves!
E, se a memória não me falha, creio eu ter sido num feriado de quarta-feira que eu não vi a hora passar e me vi "obrigado" a sair da praia direto pro PV, só pra ver o Ferrim enfiar 07 (sete) no Bahia!
Sim, eu posso dizer que estava no PV quando este mesmo Ferrim, hoje rebaixado, enfiou 07 (sete) gols no Bahia! E nem faz tanto tempo assim... Era 2006, amigo!
O rebaixamento do Ferrim, reitero, era esperado! Mas uma grande história não pode morrer assim!
Espero ainda rever o Ferrim que eu já vi... Mas, de verdade, tenho medo de ter visto "o começo do fim"!
Raphael Esmeraldo Nogueira
Defensor Público e Cronista
5 comentários:
Bela crônica esportiva! O autor mostra muito conhecimento da história do futebol local! É esperar pra que realmente não seja "o começo do fim" do glorioso Ferrão, segundo time do coração de quase todo torcedor cearense!
VOCÊ FALOU TD EU VIE ESSE TIME DE 1995 JOGAR FOI UM TEMPO QUE TINHA UM PREDIDENTE CONHECEDOR DE FUTEBOL CLÓVIS DIAS EU JOGAVA NAS CATEGORIAS DE BASE E FIQUEI POR 3 ANOS NO FERRIM ERA UM TIMAÇO DEPOIS DA SAIDA DE CLÓVIS DIAS O FERRIM NUNCA MAIS FOI O MESMO.
Fico na torcida pra o tubarão da barra voltar logo pra 1 divisão do cearense e que venha nós da alegrias novamente com titulos.
Fico na torcida pra o tubarão da barra voltar logo pra 1 divisão do cearense e que venha nós da alegrias novamente com titulos.
VOCÊ FALOU TD EU VIE ESSE TIME DE 1995 JOGAR FOI UM TEMPO QUE TINHA UM PREDIDENTE CONHECEDOR DE FUTEBOL CLÓVIS DIAS EU JOGAVA NAS CATEGORIAS DE BASE E FIQUEI POR 3 ANOS NO FERRIM ERA UM TIMAÇO DEPOIS DA SAIDA DE CLÓVIS DIAS O FERRIM NUNCA MAIS FOI O MESMO.
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