sexta-feira, 13 de junho de 2014

LIBERAL X SOCIAL



A democracia substancial é uma utopia talvez ainda mais vigorosa do que o socialismo, porque materializaria a igualdade social e econômica, sem deixar de resguardar a liberdade individual.   
A democracia clássica, oriunda da Grécia antiga, ainda dominante na atualidade, é uma democracia formal, cuja preocupação prevalecente é a liberdade individual, sem priorizar a redução das desigualdades reais. Essa democracia é aliada e em quase nada se diferencia do liberalismo. Na democracia liberal o Estado não intervém na economia, competindo-lhe cuidar quase que exclusivamente da segurança pública, custeado pelos tributos recolhidos. O Estado se transformaria, grosso modo, no serviço de segurança do capitalista, tornando-se mais um operário do sistema. Eis o sonho de todo liberal: ter no Estado um operário de luxo a serviço do capital...
Num contexto de colapso do capitalismo e de expansão do socialismo, especialmente depois da 2.ª Guerra Mundial, os Estados de democracia liberal passaram a intervir na economia, visando prover os cidadãos de necessidades existenciais mínimas, numa política que ficou conhecida como "Welfare state" (Estado do bem-estar social), um primeiro ensaio rumo à democracia substancial.
Com o colapso do socialismo real, porém, o capitalismo ganhou força e o velho liberalismo ressuscitou, nas últimas décadas do século XX, sob o rótulo de neoliberalismo, reedição da doutrina do Estado mínimo, não-intervencionista e despreocupado com a justiça social.
Não por acaso, no Brasil atual, o debate político-ideológico principal tem-se polarizado entre os adeptos da democracia social (ou popular), inspirada no "Welfare state", e os defensores da democracia liberal, que a história apenas aparentemente havia sepultado. 

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