sábado, 14 de junho de 2014

BRASIL x CROÁCIA – A RAZÃO E A EMOÇÃO



Desde criança, quando comecei a acompanhar o esporte e seus mega-eventos internacionais com tanto afinco, que eu me questionava: 
 Será que um dia verei um evento tão grande no Brasil?
E, ante tantos lugares, eu ficava a imaginar: 
 Que tanto atraso é esse no Brasil? Por que essas coisas nunca podem vir pra cá?
Rapaz, mas não é que a coisa veio? Ontem, em teoria, o sonho deveria se tornar realidade!
Mas se, até então, eu não entendia porque esses eventos não poderiam vir pra cá, hoje eu entendo com sobras!
Entendimento político que, no fundo, me fariam começar a Copa do Mundo um tanto quanto mais cético, mais racional e pouco emotivo.
Por outro lado, ontem foi o primeiro dia, o primeiro jogo do Brasil em que a cadeira ao meu lado estava vazia. Meu Deus, eu sempre havia visto a Copa do Mundo com meu pai... Como se não bastasse, eu ainda estou "de cama", me recuperando de um pequeno incidente. Junte tudo isso, refogue e acrescente o molho de uma abertura completamente "sem sal"... Eu tinha tudo pra dizer que iria começar a Copa do Mundo sem o tradicional gesto de... "cerrar o punho"!
O lado torcedor havia sido superado pelo lado crítico de um analista... E a Copa do Mundo seria mais razão e menos emoção. Seria... Seria se não fosse aquela saída errada aliada a uma falha de marcação que resultou naquele cruzamento que passou embaixo de Luis Gustavo e teve leve desvio Croata para infelicidade completa de Marcelo. O gol croata, muito longe de provocar as temidas vaias, de acender o lado crítico, provocou uma reação diferente.
– Rapaz, eu havia sido desafiado! Eu não vou perder um jogo assim e muito menos em casa! No fundo, aquele gol me fez vestir a tradicional camisa amarela que completa, nesta Copa, 60 anos! Camisa que estreou em 1954 para substituir a camisa branca usada no Maracazzo de 1950.
E, quanto mais o tempo avança, quanto mais a Croácia se fecha, a chance não aparece e o gol não sai, mais aquele "sentimento" ferve na veia do sujeito...
Oscar entende o recado, briga no chão, toca, levanta, divide, ganha e serve o craque! Paciência, amigo! O menino é diferente! E ponto!
O empate brasileiro me faz soltar um grito preso de muito tempo! A emoção estava de volta... E isso me bastava agora! Quem sabe num outro texto eu descreva o lado tático da coisa... Por ontem, torcer me bastava!
No segundo tempo, Fred se jogou, o juiz foi na dele e marcou. Mas quem chamou pra si a responsabilidade? O menino de novo. De gênio pra gênio, se é que me entenderão... 
"O tempo é uma convenção que não existe nem para o craque, nem para mulher bonita. Existe para o perna de pau e para o bucho. Na intimidade da alcova, ninguém se lembraria de pedir à Rainha de Sabá ou à Cleópatra, uma Certidão de Nascimento". Do mesmo modo, pouco importa tenha Neymar 17 ou 300 anos, se ele decide as partidas!
As palavras acima soaram atuais? Se aplicaram ao contexto do jogo? Parece brincadeira, mas foram escritas por Nelson Rodrigues, um gênio das palavras em 1955 e dedicadas ao mestre Zizinho.
Eu as emprestei hoje porque, no fundo, o menino! E eu espero reprisá-las novamente na final da Copa!
No fim do jogo, o golaço de Oscar fez justiça com esse garoto, premiou sua atuação aguerrida e tranquilizou a torcida brasileira, que, enfim, respirou aliviada...
Respirou e voltou suas atenções para a "Tribuna de Honra", por que não?! O lado político da Copa não havia sido totalmente esquecido! O gigante acordou e outubro está bem aí!

Raphael Esmeraldo Nogueira
Defensor Público e cronista

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