sexta-feira, 23 de março de 2012

SALVE O GÊNIO DO HUMOR!



CHICO ANYSIO - NOSSO GRANDE GÊNIO DO HUMOR
* 12.04.1931 + 23.03.2012



Chico Anysio não está mais entre nós. Um imenso vazio invadiu todo o País nesse 23.03.2012. Confesso que me emocionei bastante – e até marejei os olhos – com a partida do grande mestre do humor e com as tantas homenagens que lhe foram devotadas, na televisão, na internet, no futebol (...).
Chico Anysio não foi somente um grande artista, foi um gênio. Um gênio na mais plena acepção da genialidade. Chico Anysio, tal qual Shakespeare, multiplicou personagens, não somente os inventando – todos os 209 – com características semelhantes às conferidas pela própria natureza, mas dando-lhes vida própria, atuando com eles no palco, tal qual Charles Chaplin, magistralmente.
Sempre adorei o artista, como todos os seus personagens, especialmente o Professor Raimundo, que me acompanhou durante toda a infância e adolescência. Hei, porém, de ressaltar também o homem, a despeito de lamentavelmente nunca o ter encontrado pessoalmente. O Chico homem me despertou uma particular simpatia desde os idos de 1997, aos meus 19 anos, quando, em minha primeira visita ao Rio de Janeiro, tendo ficado hospedado próximo ao apartamento onde ele, à época, morava, tive excelentes impressões a seu respeito. As pessoas o veneravam, dos mais bastardos aos mais humildes, não apenas pelo grande talento que possuía, mas sobretudo pela sua especial simplicidade e simpatia. Chico tratava todos igualmente; os porteiros dos edifícios, quase todos nordestinos, o reverenciavam igualmente a Padre Cícero. Um deles me confidenciou que Chico era tão autêntico que no seu apartamento, na cobertura do prédio, resolveu, a contragosto do síndico, plantar um coqueiro, talvez para se sentir mais próximo do seu Ceará. E plantou... De longe ainda contemplei a copa da frondosa árvore.
O extraordinário talento de Chico não se prestou apenas ao humor, mas também à música, ao cinema, à literatura, ao rádio, às artes plásticas (...). Poderíamos dizer, talvez ainda sendo injustos, que Chico foi um gênio de mil faces, tamanho o número e a qualidade de suas personagens. Alguém disse, na onda de homenagens póstumas, que, se ele tivesse nascido na Europa ou nos Estados Unidos, teria sido reverenciado no mundo todo. Decerto nossas limitações de país dominado não permitiram projetar o talento do grande mestre para o mundo inteiro, mas, de todo modo, o gênio não obedece ao tempo nem ao espaço, tampouco depende de reconhecimento alheio. O gênio só depende do sopro divino que lhe confere a genialidade. Nisso decerto Chico Anysio foi soprado mais de 209 vezes.
Chico foi tão genial que resolveu ser genial inclusive na própria vida pessoal. Chico honrou como ninguém suas origens. Chico nunca esqueceu sua Maranguape, tornando o Ceará o maior celeiro do humor do Brasil. Com Chico, o viés do humor autodepreciativo do cearense ruiu por completo, pela sua elegância e inteligência. Com Chico o humor virou escola, permitindo-lhe, com sua generosidade e sensibilidade, desvendar e patrocinar tantos outros talentos pelo país inteiro, especialmente no Ceará, consolidado como a terra do humor. O Brasil aprendeu a sorrir não mais do cearense, historicamente vítima da seca, mas com o cearense, com sua inteligência, com sua irreverência, com a sua maneira de encarar o mundo. Marcou-me particularmente a emocionada homenagem que os humoristas cearenses prestaram ao grande mestre, uníssonos em admitir a orfandade com a partida do grande padrinho Chico Anysio, de quem sempre se despediam, em vida, tomando a sua bênção...  
Chico foi grande até ao morrer. Pediu que seu corpo fosse cremado e que metade de suas cinzas fossem lançadas na sede da emissora de televisão que considerava sua casa, no Rio de Janeiro, e a outra metade fosse lançada em Maranguape, sua terra natal, talvez para que suas cinzas fertilizem o solo cearense, fazendo nascer senão outros gênios iguais a ele, ao menos outros grandes talentos, que também elevem e dignifiquem o Ceará, como ele genialmente o fez. 
Salve Chico Anysio, o maior gênio do humor que o mundo conheceu!

Francisco Eliton A Meneses

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