segunda-feira, 12 de março de 2012

IMAGENS HISTÓRICAS



Aborígenes escravizados por ingleses na Austrália.

Eis o subterrâneo do esplendor da Era Vitoriana: exploração odiosa dos povos, sob o cínico pretexto de levar as "luzes da civilização" para o resto do mundo afundado nas "trevas da ignorância e da barbárie". Eis o cristão civilizado praticando o que era à época a última moda na Europa: capitalismo com escravidão. Eis o nosso ingênuo paradoxo, povo historicamente explorado: condenar somente a escravidão... 


Tuxaua Orlando: Um dos ícones da luta pela demarcação contínua da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, homologada pelo Supremo Tribunal Federal, em março de 2009 (cf. PET 3388-4-RR). Esse homem simples e extremamente sábio, sempre vivendo nos altiplanos do extremo norte do Brasil, praticamente isolado do mundo, compreende muito bem o cinismo do homem "civilizado", no seu voraz propósito de escravizar outros povos do mundo, explorando-os material, cultural e espiritualmente, sob a bandeira do reles e vil metal, erigindo-se num mestre da defesa das causas das minorias excluídas e da construção ativa de um mundo mais justo.  
O honroso encontro com o grande líder da comunidade de Uiramutã se deu em março de 2010, coincidentemente por ocasião das comemorações de um ano da decisão do Supremo. No dia seguinte, o presidente Lula estaria no evento em alusão à data, que congregaria todas as etnias de Roraima na comunidade de Maturuca, a algumas léguas dali, vindo num voo com escala em Pacaraima, evitando parada na capital Boa Vista, onde a população revoltada com o propósito da visita presidencial já preparava insultosos manifestos.
Não pude ir, lamentavelmente, ao evento, apesar de gentilmente convidado; de todo modo, a conversa de duas horas com o tuxaua Orlando, regada a caxiri, a bebida típica dos macuxis, no terreiro da maloca, foi um surpreendente brinde ao meu encontro com o extremo norte do Brasil. Fiquei extremamente encantado com o grande homem, com os seus princípios, com os seus valores, com os seus conhecimentos da aldeia e do mundo, com a sua luta, que, de um modo geral, é a luta das minorias. Voltei a Boa Vista com as energias renovadas, com a bagagem repleta de experiência ímpar, e convicto de haver adotado a posição acertada no conflito demarcatório, malgrado esmagadoramente minoritária na terra de Makunaima.

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