sábado, 17 de março de 2012

LEON TOLSTOI


 Ah, que sujeito extraordinário!  exclamou o chefe. – Foi agraciado com muita terra!
O empregado de Pahóm chegou, correndo, e tentou erguê-lo, mas viu que o sangue lhe jorrava da boca. Pahóm estava morto!
Os Bashkir estalaram a língua, demonstrando compaixão.
O criado pegou a pá e cavou uma sepultura suficientemente longa para conter o corpo de Pahóm, e ali o enterrou. Um metro e oitenta e cinco, dos pés à cabeça, era tudo o que ele precisava. 
(De quanta terra precisa um homem? Tolstoi)


"Definir o gênio de Tolstoi é empreendimento absurdo; o escritor russo possuía a exuberância e a criatividade de Balzac e Hugo, mas quase nada da inibição e do atrevimento dos colegas franceses. A avaliação que Tolstoi faz da grande literatura é mais enigmática do que afrontosa. Ele censura Shakespeare, especialmente Rei Lear, mas aceita Falstaff, porque o mestre da espiritualidade "não fala como um ator". De certa forma, Tolstoi percebia que Shakespeare era o seu grande rival, como ficcionista. (...) Tudo o que Tolstoi escreveu, inclusive os tratados morais e teológicos mais desvairados, constitui leitura sumamente interessante. À semelhança de Shakespeare, tem-se, em Tolstoi, a ilusão de que a natureza é quem escreve. (...)" (Harold Bloom)