O PSDB e o PT possuem projetos inconciliáveis. O primeiro é liberal; o segundo é social-democrata. Aliás, se houvesse rigor terminológico, o PT deveria denominar-se PSDB e o PSDB, PL (Partido Liberal). No atual cenário (federal, pelo menos), PSDB e PT não se unem porque estariam traindo seus princípios ideológicos fundamentais. Se houvesse essa união, algo muito estranho estaria ocorrendo, decerto a um preço que não seria interessante pagar... Noutro passo, o PMDB não possui princípio ideológico algum; não é nem direita, nem esquerda, nem centro... É o aliado de quem está no poder! Se Hitler, Stalin ou Kim Jong-un fossem guindados a presidente do Brasil, no atual contexto político, seria inevitavelmente sob o beneplácito do PMDB, partido que, por incrível que pareça, com todo esse seu viés tosco, consegue eleger reiteradamente a maioria tanto da Câmara, quanto do Senado. Ou seja, melhor do que torcer pela improvável aliança entre PSDB e PT, deveríamos torcer pela evolução do nosso eleitor, que confere legitimidade a um partido espúrio para barganhar, com quem quer que seja, seus próprios interesses, beneficiando-se de situações, como a que vivemos, em que todos são seus reféns, situação, oposição e o próprio povo brasileiro...
Quando digo que o PMDB não tem ideologia, quero dizer que não possui ideologia política definida. Sua ideologia oscila conforme a ocasião e a conveniência, o que equivale a não ter ideologia alguma. Isso, inclusive, é um reflexo da falta de projeto de país do partido.
Lula e FHC não são, respectivamente, o PT e o PSDB. Não dá pra comparar os partidos apenas comparando os ex-presidentes, porque o legado de cada um não diz totalmente com a questão partidária. FHC, por exemplo, embora eleito por um partido liberal, adotou muitas políticas sociais, por influência de sua própria formação, por influência da sua mulher (Dona Ruth Cardoso), por influência da tradição social do Estado brasileiro... FHC, v.g., adotou uma política de aproximação com os países latino-americanos, inclusive com Cuba (sic), o que é algo absurdo para os (neo)liberais... Há de se considerar, porém, que, além das idiossincrasias do FHC, que contam muito, deve-se contar também que o PSDB nasceu com uma pretensão, ao menos formalmente, social-democrata, que ainda tinha resquícios na era FHC, mas que é algo que se foi perdendo ao longo do tempo e hoje praticamente desapareceu no PSDB, assumindo o partido cada vez mais o viés neoliberal (Aécio Neves é um retrato fiel desse perfil ideológico, e é o presidente do partido...).
A questão ideológica macroestrutural, no modelo vertical de federação que adotamos, torna difícil comparar a política de um governo federal (Dilma) com a de um governo estadual (Alckmin). Os nossos estados-membros não têm como fazer vingar um modelo (neo)liberal sem o beneplácito do centro (Governo Federal). Desse modo, mesmo o mais liberal dos governadores não tem como fugir das amarras sociais que a legislação federal impõe. Por conta disso, o governo Alckmin (estadual) em vários aspectos se assemelha ao governo Dilma (federal), porque é o modelo federal que, entre nós, acaba sempre predominando. Mas só daria pra comparar um governo Dilma com um governo Alckmin, se este um dia fosse presidente da República.
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