Quanto tempo ainda resta
De sofrer e de lutar
Por um mundo de justiça
E de amor em nosso Lar
– esta Terra que herdamos
E haveremos de deixar?
Há quem diga que não presta
Algo novo em seu lugar
Filhos de raça mestiça
Muito têm a reclamar
Dum passado em que ficamos
Nas galés a soluçar.
Mas as grades que nos prendem
Hoje em dia são discretas
Tão mais fortes que correntes
Prendem as pessoas quietas
Comodismo e egoísmo
Viram vias prediletas.
Veja as flores inda pendem
Em histórias tão secretas
Verdades só aparentes
De cobiças irrequietas
Eis o deus Capitalismo
Com nuances abjetas.
É um deus insaciável
Não importa de onde venha
A comida que o alimenta
E o leite que ordenha
É o suor de quem trabalha
Cujo soldo é a lenha!
Um sistema deplorável
Onde importa o que mais tenha
Ao mujique a ferramenta
Ao senhor o que convenha
Vale menos quem batalha
Nessa lida sem resenha.
A injustiça é a regra
Num sistema deplorável
Que esquece a maioria
Tudo é negociável
O humano se dissipa
É produto descartável.
Mas há pobre que se alegra
Com a ordem implacável
Lhe falta sabedoria
Ou um coração afável
Talvez só lhe reste a tripa
Do banquete imensurável.
E o pior dos oprimidos
É o que escolhe o lado
Do patrão e o defende
Não sabendo o coitado
Que pode a qualquer momento
Ser na rua arremessado.
Humilhados e ofendidos
Trabalhador explorado
Um ou outro que ascende
Deixa de ser revoltado
Mas prossegue o movimento
Que jamais foi derrotado.
(Benedito Gomes Rodrigues e Eliton Meneses)
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