sábado, 7 de dezembro de 2019

Soneto LXXXVIII


O tempo é uma volta do infinito;
A vida, uma cena de um instante;
A peça é um moinho inconstante;
Tragédia de um teatro tão bonito.

Debalde é viver sempre aflito;
Melhor é se sentir um visitante;
Quiçá um gafanhoto saltitante,
Que em pouco, sob um pé, será proscrito.

Passado jaz apenas na lembrança;
Futuro é uma vaga esperança;
O agora é que é a vida nua e crua.

Diante do iminente abismo eterno,
O sábio viu o sol em pleno inverno,
Dançando alegre a música só sua.

Eliton Meneses

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