domingo, 15 de dezembro de 2019

Soneto LXXXIX


Estou farto de ouvir as cantilenas;
Tanta coisa abstrata em meu regaço;
Pouco importa o que penso, se o que faço
Tem a marca opressora das cadenas.

Quem deseja singrar águas serenas
Deve andar sob a regra de um só laço;
Não voar espirais do tempo-espaço,
Se não tem a coragem das falenas.

Os castelos são obras de arquitetos,
Homens livres que vivem seus projetos,
Não meninos que brincam na areia.

Os amores têm coisas de adulto,
Cuja falta corrói o ser estulto,
Mesmo longe do canto da sereia.

Eliton Meneses

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