sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Soneto LXXXIII


Deixaste os devaneios para trás;
Não foste tudo aquilo que sonhavas;
Sabias muito menos que pensavas;
Nem mesmo esperavas algo mais.

O mundo se mostrou bem mais voraz;
Não deste um passo além de onde estavas;
Aquela fortaleza que ostentavas
Desfez-se num só sopro, tão fugaz.

O tempo derradeiro ainda escoa;
O corpo, que definha combalido,
Padece um desalento duradouro.

Um último vagido ainda ecoa;
A mente já no mar do desvalido
Navega sem nenhum ancoradouro.

Eliton Meneses

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