domingo, 27 de outubro de 2019

Oneon Bezerra de Menezes


Partiu deste plano um ser humano que, com suas contradições, viveu uma vida plena, depois de percorrer, nos seus improváveis 81 anos de vida, os extremos da condição humana, como um autêntico personagem de Dostoiévski. Alguém que narrou e protagonizou a maioria das histórias que guardo na memória. Alguém que, talvez sem querer, despertou em mim o desejo de conhecer o mundo, outras línguas e outras histórias. Alguém que um dia disse que, se alguém matasse um filho seu, ele iria buscá-lo nem que fosse no inferno. E estou certo de que ele cumpriria a promessa... Felizmente, não foi preciso cumpri-la. Ele não teve o infortúnio de enterrar nenhum dos seus inúmeros filhos. Alguém que um dia pediu para um filho, ainda criança, que lhe desse um beijo na testa no dia em que ele morresse. Hoje, depois de tantos anos, infelizmente, eu acabei de lhe dar um beijo na testa fria. Morreu Oneon Bezerra de Menezes, meu pai, responsável por uma parte considerável do que sou.




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