quinta-feira, 18 de julho de 2019

Lampião


Andei muito, vi santos, vi a lenda;
Arco-íris depois de um sereno;
Vi a tarde cair num sol ameno
Da porteira encurvada da fazenda.
Percorri taciturno a mesma senda
De um rei que vagou pelo sertão,
Com Maria e Corisco, a tradução
Da coragem do povo nordestino;
A memória que guardo de menino,
Virgulino Ferreira, o Lampião.

Vi Piranhas depois de muitos anos;
O parente inda vivo do coiteiro;
Descobri como veio sorrateiro
João Bezerra, depois de muitos planos;
Como foram gerados tantos danos,
Na manhã que raiou como trovão.
Vi a grota em que jaz o Capitão;
Tanto sangue no leito desaguar;
Vi o rio na seca virar mar
E também vi o mar virar sertão.

Eliton Meneses

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