domingo, 14 de outubro de 2018

ANTI-CANDIDATO


A maior dificuldade de ataque ao Bolsonaro é que ele não é um candidato; ele é um anti-candidato. Nessa condição, ele tem uma certa imunidade. Qualquer problema que se revele a seu respeito (vida parlamentar inexpressiva, discurso de intolerância, desempenho pífio em debate, etc.), que seria naturalmente considerado pelo eleitor em relação a qualquer outro candidato, parece não afetá-lo.
Collor em 1989 suou a camisa para ganhar do Lula. Alguns atribuem a sua vitória (apertada) ao desempenho no último debate na Globo...
Mas o que fazer diante de um anti-candidato? O que fazer diante de um candidato que, por pior que fosse o seu desempenho num debate, possivelmente mais expressiva seria sua votação? O que fazer diante da tendência, motivada pelo ódio, do quanto pior melhor? O que fazer diante da naturalização do absurdo? O que fazer diante da aparente ânsia de se agarrar numa alternativa qualquer por uma exaustão da experiência da alternativa anterior oposta?
Ninguém ainda achou a resposta, sobretudo porque o anti-candidato veio a reboque de novidades – como as fake news – contra as quais o sistema ainda não tem defesa, e só tem mais 15 (quinze) dias para encontrá-la...
O tempo é curto, mas a dialética, de Heráclito a Hegel, traz sempre como resposta o tempo. Afinal, ora se caminha mais à direita, ora se caminha mais à esquerda, numa alternância que ocorre no tempo, às vezes um tempo longo, às vezes um tempo breve. Dia 28 de outubro, saberemos dimensionar o tempo...

Um comentário:

Menezes disse...

Os passos ora para um lado, e ora para outro, nos lembra o paradigma do bêbado e a equilibrista. Um passeio intelectual pode nos revelar a indignidade que é a ignorância que, somada à necessidade, corrói o homem e tudo o que nele habita, mais para um lado, e para o outro. Desta feita, corre, e a alma presa ao corpo, testemunha a limitação da carne, mas a alma não tem limites para interpretar o sofrimento pois é livre enquanto presa à carne está! Não posso votar pela liberdade da alma, esta carece por livrar-se da carne... um passo de cada vez, espero a estrada balançar, o caminho feito entre copos e pensamentos balançam o mundo e seus ingredientes que integram o homem, a alma e a carne para servir às intempéries da vida!