Não
há duvida de que Bolsonaro continua favorito! A onda patrocinada pela
mineração, pela bancada da bala e pela bancada da Bíblia não vai
arrefecer da noite pro dia, com sua rede viral de 'fake news' na
internet! Bolsonaro hoje não é o mesmo Bolsonaro de uma semana e meia
atrás, que seria derrotado por qualquer um. Bolsonaro surpreendeu na
última semana e transcendeu seus próprios limites. Esse Bolsonaro de
hoje, cuja maldade, de certa forma, tem sido naturalizada, como diria
Hannah Arendt, é um Bolsonaro apto a vencer qualquer candidato no
segundo turno. Se houvesse mais três dias de campanha de primeiro turno,
acredito que Bolsonaro liquidaria logo a fatura. Eles mergulharam na
última semana para ganhar no primeiro turno. Daí a decepção de ontem.
Apesar da votação muito expressiva, havia entre eles um toque de
desânimo, ninguém soltou fogos na cidade, os grupos de Whatsapp em que
os Bolsominions pululavam eufóricos à noite silenciaram. Noblat chegou a
anunciar que a boca de urna do Ibope anunciaria a vitória no primeiro
turno. Eles sentiram na boca o gosto de vitória. No entanto, logo em
seguida, foi anunciada a verdadeira pesquisa boca de urna, e depois
ainda vieram as urnas confirmando o segundo turno, com um candidato do
PT com quase 30% dos votos válidos. Um tanto mais forte do que se
esperava. Haverá segundo turno. Para quem sentiu o gosto da vitória,
operando no máximo de suas forças na reta final da campanha do primeiro
turno já para liquidar logo a fatura, isso não deixa de ser um tanto
desolador. Reorganizar todas essas forças não é fácil num segundo turno
que é longo. Não é fácil, com um candidato cheio de contradições e
debilidades como Bolsonaro, ter que entrar na campanha, participar do
debate, manter o nível de empolgação que antecedeu o primeiro turno,
tendo curtido a sensação de vitória no primeiro turno, algo que seria
humilhante para todos os partidos, mas que seria especialmente uma
vitória cabal e incontestável em cima do Lulopetismo. Haverá segundo
turno e o adversário continua vivo. É o PT, de novo, o adversário do
segundo turno. Um adversário que está combalido, não há dúvida, mas que é
um adversário que esteve presente no segundo turno das últimas 5
(cinco) eleições presidenciais (incluindo a atual) e ganhou as 4
(quatro) últimas... Não houve nenhum entusiasmo da campanha do Bolsonaro
depois da votação do primeiro turno; afinal, houve uma notória
frustração. Depois daquela sensação do nirvana anunciada pelo Noblat,
apareceu a dura realidade, na forma de uma mensagem que ecoou das urnas:
– Queremos lhe conhecer melhor! Disse a voz das urnas. Queremos lhe
conhecer melhor no segundo turno! Para um candidato que se escondeu no
primeiro turno e achou que assim venceria por W.O., essa mensagem
não deixa de causar um certo espanto... A faixa presidencial de repente
fugiu dos dedos do sonho e, já desperto, Bolsonaro olhou para frente e
viu a necessidade de percorrer um nebuloso segundo turno, e olhou para
trás e viu o PT, de novo ele, chegando como quem não quer nada... Um PT
que foi quase a nocaute sob a máquina de desconstrução oriunda da
própria política, da mídia e do judiciário. Mas um PT que também sabe
muito bem, quando precisa, desconstruir adversários. Um PT, enfim, que na
arte da guerra político-eleitoral, é um adversário experimentado. Um PT
que, diante desse novo Bolsonaro que despontou na última semana como
uma ideia que havia encontrado o seu tempo, é o único capaz de impor não
apenas respeito, mas medo...
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