sexta-feira, 21 de abril de 2017

CASA-GRANDE & SENZALA




Dei por fim a leitura desse grande clássico da sociologia brasileira: "Casa-Grande & Senzala", de Gilberto Freyre. Tal como a obra posterior, "O povo brasileiro", de Darcy Ribeiro, trata-se de dois importantes ensaios para uma compreensão mais profunda da formação sociocultural brasileira, a partir da miscigenação entre brancos, sobretudo portugueses, negros e indígenas.
A miscigenação deu-se aqui no Brasil Colonial pelo fato de, à época, existirem poucas mulheres brancas disponíveis para os portugueses colonizadores, restando à índia nativa e posteriormente à escrava negra essa determinação.
Em Casa-Grande & Senzala, a formação cultural da sociedade brasileira é traçada, sobretudo, pela perspectiva do senhor de engenho (proprietário de terras) e seus escravos. Assim, em suas mais de 500 páginas, vamos adentrando a rotina diária nos cômodos dos casarões coloniais brasileiros com seus senhores, os “nhonhôs”, autoritários e também libertinos; suas sinhás submissas, desocupadas e também perversas, e, mais aos fundos, seus escravos, responsáveis pela manutenção braçal da economia açucareira e também doméstica, além de responsável pela formação mais ímpar e, portanto, decisiva do ser mais íntimo brasileiro.
Particularmente gostei muito do livro, deveria ser lido, divulgado como estudo obrigatório nas escolas, sobretudo para nós professores, formadores de opinião e de senso crítico! Um dos comentários mais comuns acerca de Casa-Grande & Senzala diz com o fato de ter retratado muito o aspecto sexual, erótico de portugueses com as escravas, muitas vezes ocasionando ciúmes nas suas senhoras que agiam de modo perverso para com as escravas. Também é retratado de forma bem poética a culinária colonial, composta com vários ingredientes de diferentes povos, sobretudo os dos negros escravos que predominaram em nossa culinária! Por fim chegaremos à conclusão de que não foi à miscigenação brasileira do século XVIII que nos deixou de legado muito de nossos problemas atuais e sim a escravidão e sua mentalidade que ainda está presente em boa parte do Brasil do século XXI.

Auricélia Fontenele
Professora da Escola de Ensino Médio Almir Pinto 

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