terça-feira, 22 de dezembro de 2015

LA DIVINA COMMEDIA



                                    "Que otros se jacten de las páginas que han escrito; a mí me enorgullecen las que he leído." (Borges)

Assim como são intraduzíveis o Grande Sertão: Veredas e Os Lusíadas, tendo nós, nativos da língua portuguesa, a grande fortuna de poder lê-los no original, há outros clássicos que somente na língua em que foram escritos se consegue aproximar do seu verdadeiro conteúdo. Há de se aprender inglês para se ler o Paraíso Perdido (Paradise Lost), de Milton; há de se aprender alemão para se ler o Fausto (Faust), de Goethe; há de se aprender francês para se ler Rimbaud, Baudelaire e Mallarmé; há de se aprender espanhol para se ler o Dom Quixote de La Mancha (Don Quijote de La Mancha), de Cervantes; há de se aprender italiano para se ler A Divina Comédia (La Divina Commedia), de Dante Alighieri... No caso d'A Divina Comédia, o original é no dialeto toscano medieval, que deu origem ao moderno italiano, cujo domínio, de toda sorte, assegura uma compreensão razoável da obra no original.
Nossa última façanha no universo da leitura foi exatamente La Divina Commedia, para nós, o maior de todos os poemas, um farol que alumiou em plena Idade Média e conduziu a humanidade para uma nova era. Dante, guiado inicialmente pelo poeta Virgílio e depois por sua amada Beatriz, percorre o Inferno, o Purgatório e o Paraíso, partindo de uma selva escura até o encontro com a luz eterna, numa perfeita tradução de toda a saga humana.

"La gloria di colui che tutto move
per l'universo penetra, e risplende
in una parte più e meno altrove.
Nel ciel che più de la sua luce prende
fu' io, e vidi cose che ridire
né sa né può chi di là sù discende;
perché appressando sé al suo disire,
nostro intelletto si profonda tanto,
che dietro la memoria non può ire."
(Dante)

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