sábado, 14 de fevereiro de 2015

SECA



O aquecimento global não é mais uma mera especulação científica, mas uma evidência perceptível a olho nu, mesmo para aqueles que relutavam em acreditar no fenômeno. A Austrália, entre 2002 e 2012, padeceu uma década inteira de seca, a mais severa de sua história, que obrigou suas maiores cidades a construírem usinas de dessalinização da água do mar para suprir o abastecimento, medida extrema que, além de muito cara, é ecologicamente agressiva e, a longo prazo, potencialmente perigosa para a saúde humana. Em Yakutsk, na Sibéria, considerada a cidade mais fria do mundo, há poucas décadas, o frio chegava facilmente, no inverno, aos -60º; atualmente, não passa dos -50º. 
Estamos testemunhando um extremo climático. Depois de cinco anos de estiagem no Nordeste, o quase centenário Açude da Volta sucumbiu por completo. O Angicos já agoniza e pode entrar em total colapso em breve, caso não chova. O Araras, quem diria, só possui água para mais 140 dias de seca. A previsão da Meteorologia para a próxima quadra chuvosa é bastante desanimadora. A recarga dos reservatórios em 2015, portanto, é muito pouco provável, infelizmente. O Castanhão conta somente com 20% de sua capacidade e, caso a transposição do Rio São Francisco não se concretize até o final do ano, como prometido, até mesmo Fortaleza padecerá da falta d'água. 
A perfuração de poços é um mero paliativo de curto prazo. Não há como suprir a demanda regular de uma cidade sequer de médio porte apenas com poços artesianos. Precisamos de novas alternativas, com urgência. No centenário da seca de 1915, a estiagem reaparece como um fantasma no pesadelo nordestino.        

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