A direita brasileira anda cada vez mais desinibida e um dos seus pontos de partida é a afirmação de que não existe entre nós mais direita nem esquerda. Ser de esquerda durante a ditadura e logo nos anos seguintes era cult, mas atualmente tem ficado démodé, sobretudo para uma fatia significativa da elite econômica que agora se ufana abertamente do seu status. Alega que não existe direita nem esquerda, mas adota uma pauta diametralmente oposta à tradicionalmente identificada com a esquerda. Diz que não há mais direita nem esquerda, mas odeia tudo que diga com a esquerda no mundo e especialmente na América Latina: Chê Guevara, Fidel Castro, Lula, Evo Morales, Chávez, Cristina Kirchner, Mujica... Diz que não existe direita nem esquerda, mas se considera sociedade e não povo... Diz que não existe direita nem esquerda, mas aplaude os critérios tradicionais da meritocracia. Diz que não existe direita nem esquerda, mas adora um camarote e o front stage. Diz que não existe direita nem esquerda, mas vibra com a repressão policial contra os mais pobres. Diz que não existe direita nem esquerda, mas menospreza os movimentos populares. Diz que não existe direita nem esquerda, mas vive com o pé no Brasil e o coração nos Estados Unidos da América. Diz que não existe direita nem esquerda, mas faz uma opção preferencial pelos mais ricos...
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