domingo, 8 de setembro de 2013

ZÉ BAÚ


– Chega, Alexande! Leranta a moto! Lá rem o homi! Empurra, empurra, malangue! 
Zé Baú estava sendo pago para consertar a Yamaha que Neon acabara de ganhar. Sua longa experiência com sua cinquentinha, porém, não estava dando resultado com a moto do camarada impaciente. Depois de duas semanas de desmontagens vãs, com Neon prometendo jogá-la no fundo do rio, amarrada nos pés do mecânico, Zé resolveu, numa última tentativa desesperada, soldar o platinado numa oficina próxima. 
Com a moto ainda deitada no chão, apoiada pelo filho Alexandre, Zé Baú notou que a solda no platinado trincado também não seria capaz de ressuscitar a velha moto enguiçada. Ao desalento, logo sucedeu o desespero. É que Neon dobrava a esquina ao longe, vindo na direção da oficina, e, debaixo da moto deitada, um enorme poço de óleo e gasolina acabara de se formar... 
O assistente Alexandre esquecera de apertar as tampas depois do reabastecimento e, ao deitar a moto para a soldagem, verteu toda a réstia de esperança do conserto no chão. 
– Bora ligero, malangue! Empurra, empurra! 

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