segunda-feira, 30 de setembro de 2013

VEREDAS SINUOSAS


Acaba de sair do prelo a 1.ª edição do livro Veredas Sinuosas (Poesia e Prosa), produzido em coautoria por Benedito Rodrigues e Eliton Meneses. Lançado, antes, em caráter experimental, na editora virtual Blurb, o livro agora, revisto e ampliado, foi impresso em editora convencional (Sobral Gráfica e Editora), com a merecida inscrição no ISBN.  
Trata-se do primeiro livro lançado sob a chancela da Academia Palmense de Letras (APL), formado por uma coletânea de textos que retraram, em verso e prosa, vicissitudes do cotidiano, histórias familiares, a militância social e as inquietudes pessoais dos autores, além de outros aspectos da vida e da cultura, especialmente a das terras coreauenses.   
O livro conta com cerca de 170 páginas, em edição esmerada, e pode ser adquirido pelo valor de R$ 15,00 (quinze reais). 
Para adquiri-lo, é só enviar e-mail para os autores: fcoeliton@ibest.com.br (Eliton) ou beneditogr@hotmail.com (Benedito); ou, se preferir, ligar para (88) 9214-9130 (Benedito) ou para (85) 9679-7283 (Eliton). 

VERBA VOLANT


Uma poesia despretensiosa postada na net às vezes toma paradeiro surpreendente. Descobri há pouco que uma poesia nossa, publicada na página eletrônica do Jornal Mundo Jovem, foi adotada na prova do Programa de Avaliação da Educação Básica do Espírito Santo (PAEBES), com destaque na Revista Pedagógica do Programa, semelhante ao nosso SPAECE. 
O texto serviu de referência para avaliar a habilidade dos estudantes na prova de Geografia, numa questão relativa à construção das territorialidades (cf.fls. 31/32). 
Foi feita uma análise interessante do texto, sob aspectos que inclusive refogem à compreensão do autor... Não sei por que logo essa poesia singela teria despertado o interesse dos avaliadores, em meio à profusão de textos bons encontrados dentro e fora da internet, mas sei que, depois disso, preciso urgentemente conhecer Jeri! 

sábado, 28 de setembro de 2013

I CONCURSO LITERÁRIO DE COREAÚ



O I Concurso Literário de Coreaú, com o tema "A Cultura Coreauense", é promovido pela Academia Palmense de Letras (APL) e objetiva premiar textos inéditos nas categorias prosa e poesia, valorizando e dando visibilidade, assim, à produção textual do município. Podem-se inscrever candidatos residentes ou nascidos em Coreaú, que nutram algum vínculo familiar ou social reconhecido com o município. 
Período de inscrição: de 21 de setembro de 2013 a 14 de dezembro de 2013.
Confira o edital e inscreva-se no Blog da APL!

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

A COLONIZAÇÃO DE COREAÚ


JORNADA ÉPICA DE RODRIGO DA COSTA ARAÚJO

Em 1695, com a idade de 21 anos, partiu de Recife em busca do sopé da Serra da Ibiapaba, na capitania do Siará Grande. Sabia ele que as imensas terras daquela região estavam devolutas, à espera de algum conquistador. Sua resolução de partir contrariou seu pai, mas de nada serviram os conselhos e advertências dos seus genitores. Destemido e sem se deter nas advertências paternas, não se atemorizava diante da possibilidade de um feroz ataque dos silvícolas que à época infestavam os sertões. Tomara conhecimento do trucidamento dos padres Francisco Pinto e Luiz Figueira, mas nem isso, nem os revesses sofridos por Soares Moreno nas tentativas de colonizar o Siará Grande o intimidavam.
Desembarcou na barra do Acaraú; daí a caravana lançou-se no mundo ermo de então, a enfrentar os sertões inóspitos. Até que um dia, por felicidade, chegou às margens de um grande rio de pouca água e muita areia: Era o Rio Acaraú. Depois de longa jornada, Rodrigo e sua caravana pararam no sopé da Serra da Meruoca, onde um patrício, de nome Félix Cunha Linhares, lhes deu abrigo e repouso.
Por orientação de Félix Linhares, Rodrigo contornou a Serra da Meruoca pela esquerda, encontrando pela frente uma campina imensa (Jaibaras). A jornada continuou. Mais algumas léguas foram vencidas e eis que surge outra campina pontilhada de belos carnaubais.
Perto de um morro, à margem do Rio Coreaú, Rodrigo da Costa Araújo estabeleceu sua nobre morada. Nas cheias do rio, a vasta campina era inundada. Denominou sua fazenda de Várzea Grande, que deu origem, posteriormente, à Vila da Palma, fundada por seus bisnetos, Plácito, Alexandre, Joaquim Rodrigues Moreira e o cunhado destes, José Gomes Damasceno. Em 24 de setembro de 1870, a povoação foi elevada à categoria de cidade pela Resolução nº 1316 e, com essa mudança, desapareceu a antiga Várzea Grande.

João Alberto Teles
Cirurgião-dentista

terça-feira, 24 de setembro de 2013

COREAÚ – 143 ANOS



Ó, várzea grande verdejante
Da cana e do mandacaru!
Ó, terra de pássaro errante
De lendas do fundo do baú!

Ó, vale um dia deslumbrante,
Morada do intrépido Arariú;
Das palmas do negro retirante,
Da fazenda do riacho Coreahu!

No horizonte, silhueta u'a serra;
Em setembro, há aroma de caju;
O algodão se foi, restou na terra:
A carnaúba e o voar do sanhaçu.

Torrão de tanta história passada,
De gente que vaga de norte a sul,
Que um dia se foi na tua estrada,
Mas nunca esqueceu teu céu azul.

Eliton Meneses

domingo, 22 de setembro de 2013

ANTÔNIO CONSELHEIRO



                                         "O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão!"

Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro, nasceu em 1830, na Vila de Quixeramobim/CE. Órfão de mãe desde os seis anos de idade, abandona aos 27 anos, com a morte do pai, o sonho de se ordenar sacerdote para assumir o comércio da família e sustentar as quatro irmãs. Pouco tempo depois, o negócio acaba falindo, afundado em dívidas. Em 1857, casa-se com uma prima, mudando-se, no ano seguinte, para Sobral, onde atua como professor primário e, mais tarde, como rábula, defendendo os pobres e desvalidos.
Mora por algum tempo em cidades como Campo Grande (atual Guaraciaba do Norte), Santa Quitéria e Ipu, onde exerce ofícios diversos, como pedreiro, caixeiro e vendedor ambulante. Em 1861, flagra sua mulher traindo-o com um sargento de polícia, em sua residência na Vila do Ipu Grande, e, humilhado e deprimido, abandona a mulher e os dois filhos e refugia-se numa fazenda, onde se dedica cada vez mais ao misticismo cristão. Depois retorna a Santa Quitéria, onde convive com Joana Imaginária – mulher mística e escultora de imagens sacras rústicas –, tendo com ela um filho. Por fim, refugia-se nos sertões do Cariri, à época já um polo de atração de penitentes e flagelados, dando início a uma vida de peregrinações pelo nordeste.
"Por volta de 1873, já aparece em Assaré-CE como beato e se começa a ter notícias de suas peregrinações pelo Ceará, Bahia e Sergipe. Ganhou prestígio e seguidores. A população passa a chamá-lo de Antônio Conselheiro. Seus seguidores, em mutirão, reconstruíam muros danificados dos cemitérios, reforçavam a parede das igrejas, levantavam capelas, construíam pequenos açudes. Transformou-se em personagem de renome nos sertões. Multidões se aglomeravam para ouvir os seus sermões – promessas de um mundo melhor, feliz, próximo a Deus, longe da miséria. Para as elites, entretanto, Conselheiro não era mais que um charlatão louco e estaria desviando as pessoas das atividades produtivas.   
Em 1893, Conselheiro e seus seguidores fixaram-se numa fazenda abandonada do norte da Bahia, às margens do rio Vasa-barris. O cearense batizou o arraial de Belo Monte, embora este ficasse conhecido por Canudos. Ante o quadro de secas, fome, doenças e exploração vigente nos sertões, o arraial de Belo Monte tornou-se uma espécie de terra prometida para os pobres do nordeste. Em pouco tempo o Arraial tomou dimensões extraordinárias – há quem estime em 30 mil os seus habitantes. Era um ambiente rústico e pobre, havendo, porém, uma diferença fundamental: em Belo Monte não existiria fome e reinava um espírito de solidariedade e cooperação. A maior parte do produzido era repartido entre os moradores. 
Essa comunidade alternativa, cooperativa, incomodou os poderosos. Os latifundiários perdiam a mão de obra sertaneja. A Igreja via fugir ao seu controle os fiéis. Aproveitando-se do fato de Conselheiro fazer severas críticas à República (cuja proclamação em 1889 não alterou o estado de penúria do povo, senão agravou-o), as camadas dominantes exterminaram Canudos em 1897, sob a acusação de que pretendia restaurar a monarquia. Durante cerco feito pelo exército, Conselheiro faleceu." (Airton de Farias. História do Ceará. Armazém da Cultura. 6.ª edição. 2012. pp. 219-220)
Antônio Conselheiro teve forte influência da obra missionária transformadora do Padre Ibiapina, que acompanhou por algum tempo na região de Ipu, incorporando as práticas precursoras da opção pelos pobres feita pela Igreja Católica a partir do Concílio Vaticano II, que, posteriormente, viria a dar origem à contemporânea Teologia da Libertação.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

DUPLO GRAU NO "MENSALÃO"



Os embargos infringentes estão previstos no regimento interno do STF desde a sua publicação original, no Diário da Justiça de 27 de outubro de 1980, sempre foram admitidos pelo STF, sem qualquer celeuma, e possuem fortes argumentos jurídicos para serem preservados; então, por que não admiti-los justamente no julgamento do "Mensalão"?  
A Lei n.º 8.038/1990 não revogou expressamente os embargos infringentes. Não houve tampouco revogação tácita, haja vista que referida lei instituiu tão somente normas procedimentais, não possuindo, assim, aptidão para suprimir um recurso do ordenamento jurídico.  
O Pacto de São José da Costa Rica, de outra sorte, prevê o duplo grau de jurisdição como direito fundamental de todo réu, não tolerando a Corte Interamericana de Direitos Humanos qualquer ressalva a esse direito, como ressaltado por Celso de Mello. 
Demais disso, o então presidente Fernando Henrique Cardoso chegou a enviar para o Congresso Nacional, nos idos de 1998, uma proposta que extinguia os embargos infringentes, mas a matéria foi rejeitada!  
Então, por que o STF iria inadmitir os embargos infringentes justamente no caso do "Mensalão"? Por conta da opinião pública? Ou, nas palavras de Roberto Barroso, pela opinião publicada?
Ora, mas a opinião pública (ou publicada) pensa cada coisa! Pela opinião pública teríamos decerto pena de morte, teríamos criança de pouco mais de 10 (dez) anos na cadeia, teríamos a tortura institucionalizada, particularmente a da polícia contra meliantes chinfrins, teríamos tanto absurdo que é preferível nem se alongar. Daí a Constituição Federal ter erigido os direitos e garantias fundamentais em cláusula pétrea – sem possibilidade de alteração na vigente ordem constitucional –, para evitar retrocessos motivados pelo clamor episódico e, às vezes, superficial de um dado momento crítico da história.
A propósito, Roberto Barroso lançou mão de um argumento bastante interessante. Imagine que uma daquelas pessoas que estava segurando cartaz num protesto pela rejeição dos embargos, movida pela opinião pública, descubra que um filho seu foi condenado criminalmente e que havia a possibilidade de um recurso que sempre foi admitido, mas que, a partir do julgamento logo do seu filho, não mais o seria, por mudança de orientação do tribunal. Numa situação dessa, será que essa pessoa continuaria solidária à causa da opinião pública?
Se há culpados, que seja mantida a condenação no julgamento em si dos embargos infringentes; se há necessidade de prisão, que seja mantida a dosimetria das penas com a perspectiva de cumprimento em regime fechado; se todos anseiam por uma resposta final da Justiça para o episódio do "Mensalão", que se atribua ao caso a celeridade merecida, mas, antes de tudo, não se pode pura e simplesmente negar admissibilidade aos embargos infringentes, sob pena de frontal violação ao devido processo legal, com os meios e recursos inerentes à ampla defesa, como determina a Constituição Federal de 1988 e os tratados e convenções internacionais sobre os direitos humanos. 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

ALTOS E BAIXOS


EM ALTA 

O Centro da Memória de Coreaú, do abnegado e perseverante historiador Leonardo Pildas, em sua luta homérica para erigir um espaço dedicado à história e à cultura da Palma.

EM BAIXA

O clima de festa de setembro em Coreaú, a cada ano mais árido e desolador, convertido num quadro de lembranças perdidas pendurado na parede da memória. 

EM ALTA

Os encontros e reencontros que a festa de setembro ainda proporciona. A despeito do lento desgaste da tradição, da seca inclemente e do marasmo que insiste em assolar a velha Palma, coreauenses de todo o Brasil ainda desafiam as enormes distâncias para entoar, ao som da Banda Lira Palmense, o hino de Nossa Senhora da Piedade. 

EM BAIXA

A completa e incômoda ausência de eventos culturais paralelos à festa de setembro.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

CARNE E UNHA?




Conto intrigante, de rara atualidade e densa carga psicológica. Dr. Silveira, médico humilde, resolve reencontrar seu velho amigo, recém-empossado governador, a contragosto da mulher:
– "Visita sem jeito. Esqueça-se disso. Política! (...)
– Que politica! Eu me importo com política? É que fomos criados juntos. Assim, olhe. (...)
Estirava o indicador e contraía o médio, para que ficassem do mesmo tamanho. Infelizmente não tinham ficado. Um deles estudara Direito, entrara em combinações, trepara, saíra governador; o outro, mais curto, era médico de arrabalde, com diminuta clientela e sem automóvel. Por isso a mulher dissera:
– Não gosto de misturas. Visita sem jeito. Cada macaco no seu galho."
A suntuosidade do palácio o impressionava, contrastando com a simplicidade do pobre médico, que a todo instante ressaltava sua inferioridade. Os muitos livros enfileirados, bem encadernados, com letras douradas, aparentavam um imponente cenário cultural, embora não passassem de uma mera coleção do Diário Oficial. Depois de muito hesitar, refletindo sobre a ideia da visita de cortesia, finalmente toma coragem e resolve entrar no gabinete, mas, na última hora, passa os pés pelas mãos, encabulado com a indiferença do amigo – metido a escrever um telegrama –, pede-lhe simplesmente um emprego, alegando necessidade, e é friamente ignorado.
– "Está bem, (...). Vamos ver. Apareça."

"Em 'Dois Dedos' aparece de maneira ridícula – e, infelizmente, fiel – o fascínio brasileiro pelo poder; e a tendência irresistível a colocar-nos na dependência dos que o detêm, legitimando-os assim na sua posição." Osman Lins

domingo, 8 de setembro de 2013

ZÉ BAÚ


– Chega, Alexande! Leranta a moto! Lá rem o homi! Empurra, empurra, malangue! 
Zé Baú estava sendo pago para consertar a Yamaha que Neon acabara de ganhar. Sua longa experiência com sua cinquentinha, porém, não estava dando resultado com a moto do camarada impaciente. Depois de duas semanas de desmontagens vãs, com Neon prometendo jogá-la no fundo do rio, amarrada nos pés do mecânico, Zé resolveu, numa última tentativa desesperada, soldar o platinado numa oficina próxima. 
Com a moto ainda deitada no chão, apoiada pelo filho Alexandre, Zé Baú notou que a solda no platinado trincado também não seria capaz de ressuscitar a velha moto enguiçada. Ao desalento, logo sucedeu o desespero. É que Neon dobrava a esquina ao longe, vindo na direção da oficina, e, debaixo da moto deitada, um enorme poço de óleo e gasolina acabara de se formar... 
O assistente Alexandre esquecera de apertar as tampas depois do reabastecimento e, ao deitar a moto para a soldagem, verteu toda a réstia de esperança do conserto no chão. 
– Bora ligero, malangue! Empurra, empurra! 

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

COREAÚ – A VELHA PALMA!



O território de Coreaú era habitado originalmente pelos índios anacés, tabajaras e arariús, instalando-se, a partir do século XVIII, com a expansão da pecuária, uma fazenda conhecida como Várzea Grande, em redor da qual surgiu o núcleo urbano.
Um dos mais antigos povoadores "brancos" da região foi o tenente-coronel Manuel Dias de Carvalho, cujas terras lhe foram concedidas, em 1705, por sesmarias, todas situadas nas margens férteis do riacho Coreahu, assim grafado no registro de datas e sesmarias.
A gleba sempre se prestou admiravelmente ao labor agrícola, prodigalizando nas quadras invernosas dias de fartura e de grande bonança aos fazendeiros que aí se estabeleceram.
Depois de algum tempo, o povoado passou a chamar-se Palma. Conta a lenda que, no arraial Várzea Grande, havia uma família de negros que se dedicava ao fabrico de broas de goma muito apreciadas, cuja fama atraía gente de longe que vinha para comprá-las. Como eram fabricadas em forma de palma, era comum ouvir-se dizer de quem se dirigia para Várzea Grande: "Vou para as Palmas".

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

REVOLUÇÃO?



A revolução é um processo violento de deposição do poder estabelecido (Sckopol); portanto, não tem como nascer da mera mudança da titularidade do poder político pelos mecanismos que o próprio sistema estabelecido oferece. 
Ao governo instalado depois de uma eleição, podemos chamá-lo de qualquer coisa, mas jamais de revolucionário. Mudanças superficiais de gestão o sistema admite e até fomenta, mas mudanças profundas na ordem política, social e econômica só mesmo com a alteração radical das regras do jogo pela ação revolucionária.
É preciso não confundir o sentimento revolucionário com a simples aspiração de se alcançar o poder.

A PESTE NEGRA




"O tempo, como se costuma dizer, escorregou por entre os nossos dedos; as nossas velhas esperanças foram enterradas junto com os amigos. O ano de 1348 deixou-nos pobres e solitários, e nos retirou coisas que não podem ser recuperadas em lugar algum do mundo; as últimas perdas foram irreparáveis; a morte abriu uma ferida incurável." (Petrarca)