terça-feira, 6 de agosto de 2013

DESENCONTROS


Nos embalos de sábado à noite, na velha Discoteca do Lalau, Riobaldo conheceu Diadorim. Escorada num canto do salão estreito, desconfiada, de camisa à moda masculina – última tendência da época –, a moça aceitou sem entusiasmo o convite para dançar.
Morena trigueira, na flor da idade, Diadorim não resistiu à cerveja que Riobaldo lhe oferecera. Um gole, dois goles, três goles... Finalmente começou a se animar. E a agravar sua repugnância pelo parceiro. 
Pensou em largá-lo no meio do salão. Não fora a promessa de novas cervejas, o teria abandonado e convidado Matilde para dançar. Estava de olho nela desde que a festa começara. Pena que um dançarino exibido estragara seu plano, agarrando Matilde antes dela. Contrariada, aceitou o pedido de Riobaldo.
No intervalo, foram ao bar em frente para tomar novas cervejas. Depois, voltaram para a música lenta. No salão escuro, tentava se esquivar das carícias de Riobaldo, da sua boca insistente, do seu abraço apertado... 
Matilde tinha ido embora de mãos dadas. A festa caminhava para o fim. Diadorim desejava mais cerveja e, sem dinheiro, não resistiu a mais um convite de Riobaldo. Iriam a Moraújo. Havia outra festa por lá. A meio caminho, porém, perdida a conta das cervejas, Riobaldo resolveu parar sua motocicleta numa moita próxima à pista. Sussurrando galanteios ao pé do ouvido de Diadorim, tentou agarrá-la apressado, mas foi repelido bruscamente. 
Estranhando a rispidez da recusa, Riobaldo quis saber o que havia com a parceira.
Depois de meio minuto de reflexão, Diadorim, enfim, respondeu:     
– Olha, camarada, eu não sou mulher para homem, não!
– Mas como assim? Qual o problema? Insistiu o já aflito Riobaldo. 
– É que, da fruta que tu gosta, rapaz, eu chupo até o caroço!

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