Soturno apareceu o réu primário,
com algemas atadas nas mãos,
conduzido por agentes e PMs,
depois de nove meses na prisão.
Deflagrada a audiência da tarde,
não mais que meia hora de instrução,
que findou encerrada por sentença,
depois da derradeira alegação.
A denúncia, intrigada e renitente,
resultou em tênue condenação.
Os três anos e seis meses no aberto
respaldaram a imediata libertação.
Um grito ecoou pelo fórum,
da gente no estreito saguão.
Os cincos filhos pequenos,
a mãe, a mulher e a avó;
parentes, amigos e aderentes,
só não entrara o Totó.
O espetinho vendido na calçada,
nesta noite voltaria a funcionar.
Moreno seguiu pela rua aberta,
cercado pela gente animada
e no bolso o sonhado alvará.
Livre dos pesadelos sombrios,
recorrentes nas trevas da prisão.
Compartilhei um olhar marejado
e ainda um último aperto de mão.
Eliton Meneses
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