Paixões individuais movem o futebol, enquanto isso, razões coletivas deveriam mover a política, afinal, a eleição, seu momento mais teatral, não é uma partida futebolística para ser apreciada passivamente como um espetáculo de poucos, ou melhor, para poucos. Política não é espetáculo.
A defesa de centenários símbolos, com suas cores e tradições são típicas do futebol, mas a adoração de entidades numéricas criadas, recriadas e perpetuadas entre tapas e beijos ainda permeiam os bienais e produtivos invernos eleitorais como revoadas de pássaros em rota de colisão. Partidos não são clubes.
Ao contrário do futebol, as torcidas organizadas são extremamente necessárias à política, mas não para tremular bandeirolas que adornam o meio-campo das áreas centrais, mas para revelar as dificuldades de jogar nas linhas laterais e de fundo da sociedade. Eleição não é paixão.
A paixão pela mitificação de indivíduos habilidosos na arte de driblar é coisa de futebol e não da política, pois, os mitos políticos, muitas vezes, explicam a realidade às avessas deturbando a consciência do povo, tornando o futuro em presente, o coletivo em individual e o público em privado. Políticos não são mitos.
Política não é espetáculo. Partidos não são clubes. Eleição não é paixão. Políticos não são mitos. Enfim, política não é futebol.
Francisco Nataniel Batista de Albuquerque
Professor do Instituto Federal da Bahia/IFBA - Campus Eunápolis
Doutorando em Geografia - UNESP/Rio Claro
Um comentário:
Excelente reflexão sobre uma grave distorção da nossa democracia representativa, feita por um dos mais brilhantes e conscientes representantes da nova geração de estudiosos da Palma.
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