A revolta é necessária para a mudança (para melhorar a realidade e expandir o bem-estar), pois impulsiona a vontade que, por sua vez, converte-se em prática. A vontade é o trabalho em prol da concretização do desejo – quando o desejo é tão forte que nos demanda uma mobilização pessoal, um esforço para transformar o sonho em realidade. Todas as grandes revoluções populares surgiram e surgem do sentimento de revolta. A revolta é o estopim da revolução, é o ponto de partida da mudança. Entretanto, há um tipo peculiar de revolta: uma revolta (contraditoriamente) mansa, infértil, medrosa, acuada, sem compromisso; uma revolta de discurso, e não de prática; pura hipocrisia! Em Coreaú é o que mais temos: a revolta pessimista que abala a avassaladora maioria de nossos conterrâneos, infelizes com os tantos descasos que impedem o crescimento digno e a justiça social efetiva em terras palmenses.
Para que a revolta seja fértil é imprescindível que traga consigo esperança. Ora, a esperança se liga à vontade como um fio norteador; é a utopia que traça a direção da ação. Sem esperança qualquer revolta é inútil, é mero desespero. Sem esperança jamais saímos do marasmo, e morremos à míngua, sem sentir o quente fluir da utopia em nossas veias; o calor da ação – a empolgação!
Penso que Coreaú demanda uma injeção de esperança, mesmo que ainda em doses preliminares. A única maneira eficaz de transformar a realidade de nossa terra é contagiar as pessoas que estão conosco com a esperança de que algo melhor pode ocorrer, e que este algo demanda nossa militância, nosso esforço. Para tanto, é preciso compromisso com a coletividade! Não caiamos no erro de pensar que só o dinheiro pode ganhar. É a nossa ação, a nossa revolta, que, assinalada (também) nas urnas, pode preparar o caminho para mudança que tanto ansiamos. Basta ter coragem, basta ter esperança. Ainda é tempo!
Benedito Gomes Rodrigues
Membro da APL
Um comentário:
Ensaio maduro e consistente sobre o binômio revolta-esperança no processo de mudança político-social, de autoria do companheiro de lutas sociais e de APL, Benedito Dito!
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