quarta-feira, 8 de novembro de 2017

XLVI


Ninguém ao certo sabe quem eu sou;
Quais dores sinto, quem deveras amo;
De onde eu vim, pra onde ainda vou;
Se eu existo, a quem eu tanto chamo.

Nem eu tampouco sei quem me sonhou;
Quantas vitórias tem quem eu difamo;
Por onde encontro o tempo que passou;
Não quero nada e ainda assim reclamo.

Há tantos corpos frios, sem afago;
A noite é longa e a fera nunca dorme;
Quisera ter o mundo sobre os ombros.

A luz costuma vir depois do estrago;
O vento varre o mal, sempre disforme;
O novo surge aos poucos dos escombros.

Eliton Meneses

Nenhum comentário: