segunda-feira, 6 de novembro de 2017
XLV
Apagou-se o seu último cigarro;
Nove meses de enleio e de ruína;
Nem a água sobrou da cajuína;
Antes mesmo do beijo veio o escarro.
De manhã já não toca o som do carro;
Pelo corpo não corre a endorfina;
Outra vez foi envolto na rotina;
O que era uma flor, agora é barro.
Quando vem atrelado ao puro amor
Os contornos cruéis da fera dor,
É difícil escapar aos vendavais.
Mesmo assim não ficou nenhuma mágoa,
A despeito dos olhos rasos d'água;
Nunca pode dizer-se nunca mais.
Eliton Meneses
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