Dois contos nossos na recém-publicada Antologia de Contos da Editora Becalete – Volume 4. Temos 5 (cinco) livros de cortesia. Quem quiser de graça – um desses cinco –, é só dar um toque no zap (85) 9-9679-7283!
quinta-feira, 23 de novembro de 2017
terça-feira, 14 de novembro de 2017
L
Nós mudamos aos poucos com os anos;
Muda o sol quando chega a primavera;
Chega o tempo que finda a longa espera;
Vão-se as marcas de tristes desenganos.
De repente começam novos planos;
A semente que morre e prolifera
Traz nas flores febris da nova era
Os espinhos sutis de outros danos.
Somos água corrente de um rio;
Uma chama fugaz em noite escura;
A mudança que vem em meio à dor.
Somos folha que voa no vazio;
O sorriso depois da amargura
À procura da foz do puro amor.
Eliton Meneses
segunda-feira, 13 de novembro de 2017
XLIX
Há quem busque o sentido desta vida;
Uma causa que explique a existência;
A razão para além da contingência;
Um senhor que ordene esta partida.
Um profeta falou de uma saída,
Da verdade por trás da aparência,
Da resposta pedante da ciência
À pergunta por vezes esquecida.
Um protesta, na crise, não ser nada;
Outro fala, com náusea, no absurdo,
Como amargo profano sem noção.
Somos nós que fazemos a estrada;
Uma curva por fora do chafurdo;
Somos todos um ser em construção.
Eliton Meneses
domingo, 12 de novembro de 2017
XLVIII
Para o Rio Coreaú
O rio dobra a curva da barragem;
Passou faz pouco o velho juazeiro;
Cantou no poste o alegre bigodeiro;
Chegou sem pressa após a estiagem.
O verde toma conta da paisagem;
As águas correm em pleno fevereiro;
Ao longe soa o aboio do vaqueiro;
Uma canoa alcança a outra margem.
Nas pedras, fala alto a lavadeira;
Outro menino sobe a mutambeira;
A cobra-grande espreita o Socavão.
A Ponte Velha jaz em meio ao barro;
A densa moita do Poço do Carro
Esconde um bem atento gavião.
Eliton Meneses
O rio dobra a curva da barragem;
Passou faz pouco o velho juazeiro;
Cantou no poste o alegre bigodeiro;
Chegou sem pressa após a estiagem.
O verde toma conta da paisagem;
As águas correm em pleno fevereiro;
Ao longe soa o aboio do vaqueiro;
Uma canoa alcança a outra margem.
Nas pedras, fala alto a lavadeira;
Outro menino sobe a mutambeira;
A cobra-grande espreita o Socavão.
A Ponte Velha jaz em meio ao barro;
A densa moita do Poço do Carro
Esconde um bem atento gavião.
Eliton Meneses
sábado, 11 de novembro de 2017
XLVII
Para João Pedro
Meu filho, na vida, procures o belo;
O belo que dorme no fraco e no triste;
A imensa beleza em tudo que existe;
A força que emana de um ato singelo.
Encontres do nada um fausto castelo;
Aquele que sonha ainda resiste;
Sonhei tanta coisa enquanto dormiste;
O bem sempre vence no fim do duelo.
A arte sublima as coisas da vida;
Talvez a chegada está na partida;
Às vezes no raso está o profundo.
É tido por louco aquele que ama;
A noite é escura mas tem uma chama,
Porque 'a beleza salvará o mundo'.
Eliton Meneses
Meu filho, na vida, procures o belo;
O belo que dorme no fraco e no triste;
A imensa beleza em tudo que existe;
A força que emana de um ato singelo.
Encontres do nada um fausto castelo;
Aquele que sonha ainda resiste;
Sonhei tanta coisa enquanto dormiste;
O bem sempre vence no fim do duelo.
A arte sublima as coisas da vida;
Talvez a chegada está na partida;
Às vezes no raso está o profundo.
É tido por louco aquele que ama;
A noite é escura mas tem uma chama,
Porque 'a beleza salvará o mundo'.
Eliton Meneses
quarta-feira, 8 de novembro de 2017
XLVI
Ninguém ao certo sabe quem eu sou;
Quais dores sinto, quem deveras amo;
De onde eu vim, pra onde ainda vou;
Se eu existo, a quem eu tanto chamo.
Nem eu tampouco sei quem me sonhou;
Quantas vitórias tem quem eu difamo;
Por onde encontro o tempo que passou;
Não quero nada e ainda assim reclamo.
Há tantos corpos frios, sem afago;
A noite é longa e a fera nunca dorme;
Quisera ter o mundo sobre os ombros.
A luz costuma vir depois do estrago;
O vento varre o mal, sempre disforme;
O novo surge aos poucos dos escombros.
Eliton Meneses
segunda-feira, 6 de novembro de 2017
XLV
Apagou-se o seu último cigarro;
Nove meses de enleio e de ruína;
Nem a água sobrou da cajuína;
Antes mesmo do beijo veio o escarro.
De manhã já não toca o som do carro;
Pelo corpo não corre a endorfina;
Outra vez foi envolto na rotina;
O que era uma flor, agora é barro.
Quando vem atrelado ao puro amor
Os contornos cruéis da fera dor,
É difícil escapar aos vendavais.
Mesmo assim não ficou nenhuma mágoa,
A despeito dos olhos rasos d'água;
Nunca pode dizer-se nunca mais.
Eliton Meneses
sábado, 4 de novembro de 2017
XLIV
Bhagavad Gîta
Todos formam no campo de batalha
Os dois lados diversos dessa guerra;
As estrelas do céu miraram a terra,
Quando Arjuna expressou a sua falha.
Krishna disse: "Ao dever não se atalha.
Um guerreiro à matéria não se aferra;
Quem enfrenta o combate nunca erra,
Mesmo quando o inimigo muito valha."
Tens no corpo uma alma imperecível;
Teu apego é um monstro irremissível;
Nunca esperes os frutos da ação.
Os valores eternos são Pandavas;
Inimigos internos são Kauravas;
Sem coragem não tens libertação.
Eliton Meneses
quinta-feira, 2 de novembro de 2017
XLIII
Cada qual vai cumprindo o seu papel
No teatro dantesco desta vida;
Tanta gente que prega desvalida
Vai tentando debalde ser fiel.
Gira o mundo que nem um carrossel;
Uns que fogem no meio da partida;
Outros deixam exposta uma ferida;
Quase todos desertam do quartel.
Há quem sinta da gente o seu perfume;
Há quem pensa que não será estrume;
Tantos pensam somente em seu anel.
Muitas vezes ensaiam uma aventura;
Correm léguas em crise de loucura;
Todos sentem na boca o amargo fel.
Eliton Meneses
Assinar:
Postagens (Atom)