sábado, 17 de dezembro de 2016
COREAÚ
De repente sumiram todos:
O cachorro, o rio e a praça,
O nome escrito de giz,
A escola e o oitavo ano.
Hoje vejo as ruas pelo alto,
Miúdas, estreitas e distantes.
Meu amigo Francisco foi embora,
Sem mãe, sem lenço e esperança.
O mato cobriu a estrada
O tempo, o cajueiro grande.
O rio seco, a ribanceira torta
A gaiola aberta, uma cigarra
O redemoinho na campina larga
O mugido de uma rês cansada
Na torre, a rasga-mortalha
Espreita uma encruzilhada
De uma longa noite solitária
Não adianta esperar o chamado
Do padeiro, do amigo, da menina
Sumiram todos no último biu da gata.
Eliton Meneses
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