segunda-feira, 5 de maio de 2014

PSICOLOGIA DE ALMANAQUE




Quem é de Coreaú, terra pródiga em apelidos, aprende desde cedo que o jeito mais indicado para inibir uma alcunha que exponha ao ridículo é encará-la com indiferença. Quando o apelido vexatório não consegue o seu propósito de desestabilizar o sujeito-alvo, acaba perdendo-se com o tempo. No entanto, se o sujeito demonstrar incômodo, poderá carregá-lo pelo resto da vida como um fardo traumatizante.  
Daniel Alves, ao descascar e comer uma banana arremessada por um torcedor espanhol, agiu com tamanha dignidade e elegância que o apelo vexatório do episódio acabou revertendo contra o preconceituoso.
Não será a atitude de um jogador de futebol ou mesmo uma campanha publicitária de gosto duvidoso deflagrada a partir dela que irá resolver o flagelo lamentável do preconceito racial, de todo modo, é digna de todos os aplausos a resposta simbólica do lateral brasileiro, porque, no plano individual, não há mesmo melhor resposta para uma investida vexatória do que menosprezá-la com parcimônia e altivez.

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