quarta-feira, 31 de julho de 2013

VÊNUS DE PEDRA



A fria moçoila, sentada na praça,
Olhava distante uma rua sem fim.
De rara beleza, talvez espanhola;
 Na tarde de sol, vestida em cetim.

Vênus moderna e ensimesmada,  
Espraia fascínio por todo confim.
Idílica morena, coração de pedra;
Candura aparente de um serafim.

Fosso assombroso de indiferença;
Espinho elegante de morto jardim.
Encara com asco a mão do pedinte,
Embalde no peito a cruz de marfim.

Furtiva beldade, covil de soberba,
No palco da vida não há arlequim.
Antro inumano, sumiu contrafeita;
Do fruto somente a casca chinfrim.

Eliton Meneses

2 comentários:

Nagibe de Melo Jorge Neto disse...

Uma beldade pedante. Foi na Itália que a encontrou?

Eliton Meneses disse...

Nos umbrais do Vaticano, caro poeta! Paradoxalmente, nos umbrais da Santa Sé!