quinta-feira, 30 de agosto de 2018
Soneto LIX
Era ainda carente de amparo;
Relutava fitar além do muro;
Persistia com medo do escuro,
Apesar de julgar-se muito raro.
Confundia desdém com despreparo;
Espantava no sonho o falso auguro,
Quase nunca sentia-se seguro;
Precisava era mesmo de reparo.
Sua fala loquaz era canhestra;
Lucubrava a esmo pela destra,
Desatando a pior das suas feras.
Preferia espojar-se em plena lama;
Ruminar noite e dia amarga grama,
À espera quicá do fim das eras.
Eliton Meneses
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