"Se você sabe explicar o que sente, não ama
sexta-feira, 31 de agosto de 2018
FRASE DO MÊS
"Se você sabe explicar o que sente, não ama
AMISTAD x AMOR
"Es que la amistad no necesita frecuencia. El amor sí. (...) El amor está lleno de ansiedades, un día ausente puede ser terrible, pero yo tengo tres o cuatro amigos a los que veo una o dos veces al año. (...) La amistad puede prescindir de la confidencia, pero el amor no. Si en el amor no hay confidencia, uno ya lo siente como una traición." (Borges)
ELEIÇÕES 2018
Haddad Presidente 13
Camilo Governador 13
Anna Karina Senadora 505
Pastor Simões Senador 500
Luizianne Deputada Federal 1313
Renato Roseno Deputado Estadual 50500
quinta-feira, 30 de agosto de 2018
Soneto LIX
Era ainda carente de amparo;
Relutava fitar além do muro;
Persistia com medo do escuro,
Apesar de julgar-se muito raro.
Confundia desdém com despreparo;
Espantava no sonho o falso auguro,
Quase nunca sentia-se seguro;
Precisava era mesmo de reparo.
Sua fala loquaz era canhestra;
Lucubrava a esmo pela destra,
Desatando a pior das suas feras.
Preferia espojar-se em plena lama;
Ruminar noite e dia amarga grama,
À espera quicá do fim das eras.
Eliton Meneses
sábado, 25 de agosto de 2018
PULCRO
– Que linda criancinha!
– Ontem postei um belo pôr-do-sol e você não deu a mínima...
– O que é o sol diante de uma criança?
– Sem o sol não haveria nenhuma criança...
– A beleza não precisa criar; a beleza precisa simplesmente estar...
domingo, 19 de agosto de 2018
JANDAÍRA
Quando estava sóbrio, Jandaíra era tímido e acabrunhado. Andava calado, esquivo, um tanto sisudo. O difícil era encontrá-lo sóbrio... Seu último porre durou dois meses ininterruptos. Era torcedor do Botafogo, um dos únicos torcedores do alvinegro carioca na pacata vila da Palma; o Botafogo havia se sagrado campeão depois de vinte anos de jejum e não haveria pretexto melhor para cair na cachaça! Rodou então todos os bares da cidade numa euforia contagiante.
– Dá-lhe, dá-lhe, Fogão!! É Botafogo ou num é??
Com a mesma roupa, a camisa alvinegra desbotada, o calção rasgado, a chinela com um prego, seguia pelas ruas feito um louco para desespero de sua pobre mãe idosa. Dona Hilda procurava em vão acompanhá-lo. Pedia aos bodegueiros para não vender cachaça para o filho; nada obstante, nunca faltava cana no mercado.
Às vezes o alcançava e tentava convencê-lo a ir para casa, mas ele a cobria de ofensas.
– Sai daqui, Caninana! Vai-te embora, Satanás!
Dona Hilda voltava triste e preocupada para casa. O que faria com a pequena mercearia do filho? Fechada, as coisas vencendo, sem receber e sem pagar... O filho estava perdido no alcoolismo.
No final da segunda semana de embriaguez, Dona Hilda conseguiu finalmente levar o filho para casa. Ao chegar em casa, porém, Jandaíra foi recepcionado pela irmã na janela:
– Vai dormir, Papudim!!
Ferido nos seus brios etílicos, Jandaíra retrucou a ofensa:
– Vai-te embora, Santanás! Da fruta que eu gosto tu chupa até o caroço!!
A irmã não se conteve e bateu-lhe a porta na cara. Diante disso, Jandaíra deu meia volta e encontrou mais uma motivação para seguir sua cruzada etílica.
Jandaíra estava decrépito, magro, pálido, não dizia coisa com coisa. Dona Hilda continuava atrás dele, não desistia do filho, mesmo com as ofensas que sofria.
– Vai-te embora, Caninana! Tu quer é frescar!
Era tempo de eleição e um dos candidatos a prefeito viu em Jandaíra o entusiasmo que faltava ao seu eleitorado e fez dele um dos símbolos da sua campanha vitoriosa.
– Dá-lhe, dá-lhe Chico Bão!! É Chico Bão ou num é??
Passada a eleição, sem mais um tostão furado no bolso, Jandaíra começou a recobrar a sobriedade, não porque o quisesse, mas porque o político sumiu e os bares já não mais lhe vendiam fiado. Dona Hilda então o convenceu a voltar para casa e, como a irmã não estava, conseguiu entrar sem problema e deitar na rede já previamente armada para um sono profundo sem prazo determinado para despertar.
domingo, 12 de agosto de 2018
DIÁLOGO
Eleumar Vaz: Doutor, o comunismo para que funcione é necessário que todos pensem de forma igual, ou sejam forçados a aceitar a vontade estatal, e isso só se consegue com forte repressão, cerceamento das vontades individuais, da liberdade de pensamento e associação, e com muita violência simbólica e em alguns casos, física. Diga me se não é assim, e se assim sendo, seria esse um sistema que pode viabilizar a felicidade e ser considerado justo?
Eliton Meneses: O comunismo é uma utopia, amigo! As utopias não são feitas para que as alcancemos, mas para que continuemos a caminhar. Não considero que vivamos no melhor dos mundos possíveis nem que a história tenha terminado. A busca por um mundo melhor continua, seja para alcançar a utopia do comunismo, para aqueles que acreditam na natureza humana, seja para alcançar uma outra possibilidade, para aqueles que não acreditam na bondade natural. Só espero que o amigo não esteja conformado e satisfeito com o capitalismo avançado mercadológico dos nossos tempos, crente de que ele é a página final da história... Tudo bem que vc não concorde com o caminho do comunismo, mas nesse caso teria duas opções: ou achar que já vivemos no melhor dos mundos ou pensar numa alternativa um pouco melhor e colaborar para a construção dela... Abraço!
Eleumar Vaz: Doutor. Obrigado pela resposta esclarecedora de seu pensamento e pela consideração em responder me. Quando vier a Coreaú, gostaria de ter um dedo de prosa com você, sem dúvida será esclarecedor para mim. Pessoalmente acredito ser mais fácil corrigir os erros do capitalismo do que os do consumismo, mas de fato o que acho que seria o mais próximo do ideal é o estado de bem estar social, ideia vigorante até a década de 80 e destruída por Regan e Thatcher, quando propuseram o neoliberalismo. O estado de bem estar social é o capitalismo com medidas compensatórias, é a ideia bem sucedida aplicada em alguns países europeus e asiáticos. É isso que eu almejo para o Brasil.
Eliton Meneses Ótimo, amigo! Em setembro vamos combinar uma prosa!!
Via Facebook
Via Facebook
quarta-feira, 8 de agosto de 2018
FIM DA HISTÓRIA?
"A mim parece que as democracias perderam, e perderam muito. Não obstante todos os excessos e os horrores, o comunismo sempre representa uma espera. Espera de poder corrigir os equívocos e as injustiças cometidas contra os mais fracos, espera de uma sociedade mais justa. Não digo que os comunistas tivessem pronta a solução, nem que a estivessem preparando. Longe disso. Mas havia a ideia de que a história teria um certo sentido. Que viver não seria um viver insensato. É uma ideia que os ocidentais tiveram no século XVIII e que Marx enraizou no pensamento do século XX. Não creio que perder essa ideia para sempre seja uma grande conquista espiritual. Até ontem, pelo menos, sabíamos para onde ia a história e que valor dar ao tempo. Agora vagamos perdidos, perguntando-nos a todo instante: 'Que horas são?'. Fatalistamente, um pouco como costumam perguntar os russos. Que horas são? Ninguém sabe." (Emmanuel Levinas, filósofo francês)
segunda-feira, 6 de agosto de 2018
LVIII
O vento frio adentra na janela;
A hora é tarda mas não vem o sono;
De nada importa estarmos no outono,
Se dentro em mim habita uma procela.
Os pensamentos inda seguem nela;
Quisera ser na vida um cão sem dono;
Poder curar pra sempre o abandono;
Compor com ela a dois uma novela.
A vida às vezes prega cada peça;
Sutil nos embriaga em puro vinho,
Deixando-nos em meio à encruzilhada.
Devemos ser austeros na promessa;
Voltar de corpo e alma ao nosso ninho,
Enquanto ainda há luz no fim da estrada.
Eliton Meneses
domingo, 5 de agosto de 2018
Assinar:
Postagens (Atom)