Contemplava da janela do segundo andar o bairro distante onde estava sua família. A mulher e a filhinha de um ano estavam sem ele. Sua vida entrou numa espiral decadente. Há poucos meses tudo corria bem. Sua filha acabava de nascer, o comércio ia bem, a mulher estava feliz... até que Natacha apareceu e desnorteou sua vida. Os encontros ocasionais tornaram-se cada vez mais frequentes, até acabarem sendo descobertos por Amanda.
Passara os quatro dias de Carnaval com Natacha, quando voltou para casa, Amanda não estava. Decidira ir com a filha para a casa da mãe. Roberto preferiu não ficar na casa alugada. Foi morar com um amigo chinês. Amanda continuou tocando sozinha a pequena loja do casal no Centro. Como não conseguia arrumar emprego, dois meses depois da separação, Roberto não tinha dinheiro nem para pagar a passagem de ônibus de onde morava para o Centro. O amigo chinês começava a se impacientar. Roberto não contribuía em nada com as despesas. Yang passava a noite fora e quando chegava dificilmente encontrava o que deixara na geladeira. Certo dia, perdeu o controle:
Passara os quatro dias de Carnaval com Natacha, quando voltou para casa, Amanda não estava. Decidira ir com a filha para a casa da mãe. Roberto preferiu não ficar na casa alugada. Foi morar com um amigo chinês. Amanda continuou tocando sozinha a pequena loja do casal no Centro. Como não conseguia arrumar emprego, dois meses depois da separação, Roberto não tinha dinheiro nem para pagar a passagem de ônibus de onde morava para o Centro. O amigo chinês começava a se impacientar. Roberto não contribuía em nada com as despesas. Yang passava a noite fora e quando chegava dificilmente encontrava o que deixara na geladeira. Certo dia, perdeu o controle:
– Vá tomar cu! Vá tomar cu!
Roberto já sabia o motivo da explosão, mas, ainda assim, interrogou o amigo:
– O que foi Yang?
– O meu Toddynho?! Tomou o meu Toddynho! Vá tomar cu! Num compa nada!
Roberto não tinha um tostão no bolso. Vira-se obrigado a devorar o que o chinês deixava na geladeira. Em instantes, Yang dormia, mesmo com fome, e a paz voltava a reinar. Então aparecia Natacha, toda manhã, para continuar o romance que pusera Roberto entre o abismo do prazer e o do desespero.
Aquilo não podia continuar. Estava destruindo sua vida estupidamente. No aniversário de sua filha, não esteve presente. Passara o dia deitado com Natacha. Sua família não merecia aquilo. Precisava dar um basta. Não amava Natacha, mas uma força irresistível parecia amarrá-lo a ela. Uma força que depois da separação foi esmaecendo. Não imaginava que Amanda o deixaria. Descobriu o quanto gostava da mulher e da filha depois da separação.
A frieza de Natacha o incomodava. Ela parecia feliz com a separação, mesmo sabendo de toda a aflição e angústia que o caso envolvia. Não se importava com o sofrimento alheio. Tinha a separação como conquista pessoal. Finalmente Roberto seria exclusividade seu... No entanto, seus planos começaram a ruir definitivamente quando, no terceiro mês da separação, o pai de Roberto teve um ataque cardíaco fulminante e veio a óbito.
Seu Adolfo adorava a nora. A última vez que Roberto o vira foi numa fila para entrar no estádio, um mês antes da separação. Quando Seu Adolfo o avistou com Natacha, deu as costas e foi embora balançando a cabeça.
No enterro de Seu Adolfo, Roberto implorou para voltar para casa. Para sua surpresa, Amanda aceitou, obviamente, com algumas condições. Foi difícil ligar para Natacha e dizer que era o fim. Mas faria qualquer coisa para voltar para casa. Reencontrou a mulher e a filha de braços abertos. O sol parecia ter voltado a brilhar depois de uma noite escura. Os dias que se seguiram ao da reconciliação foram os mais felizes da sua vida, até que Natacha ligou e disse que estava grávida.
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