domingo, 18 de fevereiro de 2018

DOMINGO À TARDE


Ao meio-dia, a feira começava a se esvaziar. Todos voltavam para casa. A gente do interior ia de caminhonete, de bicicleta, de cavalo, a pé. Iam para perto e para longe. Cunhassu, Feitoria, Angicos, Volta... Quem era da rua e tinha casa no interior arrumava suas coisas e ia passar a tarde por lá. Quem não tinha, se trancava em casa. A cidade ficava deserta. O vento varria o que restava da feira. Uma sacola de plástico voava na solidão do domingo na Palma. Depois do fervilhar da manhã, a tarde se abatia implacável. Ninguém ficava na rua. A não ser um ou outro cachorro que dormia na calçada. O toque da Coluna da Hora dava o tom da solidão. Uma imensa letargia se abatia sobre a cidade. A rua estreita, a serra ao longe, a nuvem parada no céu. Um lugar sem vida sob o sol das três da tarde. Quando muito, um sussurro incompreensível saía de alguma casa fechada. Um galo ainda tentava cortar a monotonia com um canto modorrento e triste. Não adiantava. Quando o tempo para, até os pardais silenciam...

Nenhum comentário: