Uma pequena homenagem a Gildo Fernandes de Oliveira, o maior centroavente da história do Ceará Sporting Club:
Eram cerca de 07:30 da manhã de hoje quando, ao acordar, quase que de imediato, pego o celular pra ver o que deveriam as tradicionais "mensagens de bom dia" dos tantos grupos de WhatsApp de que faço parte...
Eram cerca de 07:30 da manhã de hoje quando, ao acordar, quase que de imediato, pego o celular pra ver o que deveriam as tradicionais "mensagens de bom dia" dos tantos grupos de WhatsApp de que faço parte...
Ledo engano. Paro e deparo quase de imediato com a informação do falecimento do "Maior de Todos"...
Intuitivamente, logo me recordo das inúmeras conversas sobre futebol e sobre o Ceará S.C. que tive com meu pai...
"- Meu filho, Gildo é Gildo!" Ele sempre encerrava a conversa assim. E essa frase, aparentemente simples, definia tudo, remorava a lembrança e levava meu velho pai a sentimentos que... só uma frase define: Gildo é Gildo.
No meio dessas memórias, me recordo daquele 1969 que tantas lágrimas já havia tirado de meu pai...
Ele era, na época, um menino que tinha mais ou menos 15 anos de idade, recém-chegado em Fortaleza, vindo do município de Aratuba, no Maciço de Baturité, e havia sido convencido por um primo/amigo a ir ao PV naquele dia ver o jogo que, segundo suas palavras, nunca terminou... não na memória dele...
Pro restante dessa história, vou-me valer das palavras do radialista Júlio Salles, que, embora identificado com o Fortaleza, sempre fez questão de contar e repetir essa história como um dos jogos mais fantásticos que já transmitira.
Vou na Internet. Pesquisa rápida. Segundos apenas e tudo está vivo novamente como se eu tivesse visto tudo aquilo... A data era 19 de dezembro e, em campo, o Ceará definia contra o Clube do Remo a Copa Norte-Nordeste daquele ano.
A decisão seria em melhor de 03 partidas, mas a última somente seria necessária em caso de cada clube ter vencido uma anteriormente.
O Remo já havia vencido a primeira partida por 2 x 1 em Belém. E, com 10 minutos do 2° Tempo, o Clube do Remo já vencia por 2 x 0 no PV.
Ao Ceará só restava virar o jogo... E tinha pouco mais de meia-hora pra tentar o milagre.
Foi aí que, segundo conta o radialista, entrou o cena "o centroavante do Ceará". Ele foi ao banco de reservas ter uma conversa com o treinador (provavelmente sobre o tempo de jogo). E dali saiu no ouvido de cada companheiro de equipe. Ele batia no peito e dizia a cada um... Da em mim!.... Dá em mim!... Dá em mim!... Dá em mim!....
E foi lançando pra Gildo fazer o pivô que o Ceará diminuiu com Magela, aos 22, e empatou com Zezinho aos 32.
O caldeirão estava formado. E Gildo tratou de colocá-lo em ebulição...
E o futebol, tantas vezes acusado de ser injusto, mostra que também sabe premiar aqueles que chamam a responsabilidade nas horas mais difíceis...
Tinha que ser... E foi. Foi Gildo quem, de cabeça, virou o jogo aos 43.
Ceará 3 x 2 Remo... E o PV vibrou, tremeu, parou, calou, chorou... Se eternizou.
Os 3 x 0 do 3.° jogo coroou o esforço heroico daqueles 3 x 2...
Disso tudo, meu pai, aquele menino de mais ou menos 15 anos, disse, inúmeras vezes, ter chorado até chegar em casa. Naquele dia, naquele momento, ele se transformou num dos maiores fãs... do Maior de todos.
Obrigado, Gildo!... por todas as lágrimas de emoção que você fez meu pai derramar naquele 1969...
Obrigado, Gildo!... porque, se o sentimento alvinegro vem de pai pra filho, você me fez alvinegro indiretamente naquele 1969...
Como torcedor, pequeno que sou, talvez eu nunca seja digno de desamarrar o cadarço da sua chuteira.... E, mesmo sem tê-lo visto jogar, sei que você nunca sairá da minha memória!!!
- Gildo é Gildo! Muito Obrigado... Maior de todos!!!
Raphael Esmeraldo Nogueira
Cronista/Defensor Público
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