A poesia é liberdade
Paz, justiça e união
A busca por igualdade
E um mundo em comunhão.
É a criatividade
Uma forma de oração
Que atravessa a finidade
Da terrena condição.
II.
Ó, senhora da beleza
E maestra das paixões
Insistente poesia
Que desarma a calmaria
E atropela os corações.
Ó, deusa da natureza
Vertedouro de emoções
Burilar de fantasia
Muito grata companhia
Presente em quatro estações.
III.
Aurora da inconsciência
Sem-sentido e alusão
À loucura e à transcendência
Do momento e da ilusão
Que persegue a existência
De um filho de Adão.
Mais sublime experiência
Água viva em profusão
O encontro na ausência
Cura da desilusão
A resposta da ciência
Quando falta a conclusão.
IV.
O templo dos pensadores
O refúgio dos amantes
A fuga dos sonhadores
O destino dos errantes
A bússola sem um norte
A vida chutando a morte
O sentindo dos instantes.
A musa dos trovadores
Duas violas cantantes
Três mecenas pagadores
Quatro rimas retumbantes
No balcão bela consorte
Coração batendo forte
Em desejos lancinantes.
V.
Ritual de assunção
Para a pura abstração
Fantasia e ilusão
O retrato mais fiel
Da alma dos desvairados
Dos loucos apaixonados
Teus contornos encantados
Aprisionam o menestrel.
Reduto de inspiração
Terna rima da canção
Protesto e libertação
Voz roufenha do cordel
Dois amigos embalados
Noite e dia enluarados
Ambos tão atribulados
Pondo oitavas no papel.
VI.
É a lente sobre o mundo
Que o homem utiliza
Pela qual visualiza
O acaso e o profundo
Do que não sabe entender
Do mistério que há de ser
Ao fazer de cada ato
Marca sua, autorretrato
No que a vida lhe ceder.
Redenção do moribundo
Que a beleza sintetiza
Em seu veio profetiza
O ocaso e o fecundo
Nos liberta sem querer
Das aparências do ter
Nesse tempo tão ingrato
Desfazendo vezo inato
De um tosco proceder.
VII.
O furor do sentimento
Um buraco na razão
Atropelo de paixão
Que atesta o movimento
De comum alumbramento
Frente ao Desconhecido
Intervalo indefinido
Entre a dor e o prazer
Entre a morte e o viver
Tradução do sem sentido.
Um ardor mui virulento
Que corrói o coração
Há quem julgue ilusão
Do maior contentamento
Um sutil deslumbramento
Num rompante traduzido
Um padecer esquecido
Ao lembrar do bem-querer
Faz a noite alvorecer
Um poeta entristecido.
Benedito Gomes Rodrigues e Eliton Meneses
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