O pequeno estudante tinha um sonho, como qualquer criança de sua tenra idade. Brincar com os colegas e amigos, estudar, fazer os deveres de casa, ir à escola, etc... Para no futuro ser útil à sociedade, trabalhar e constituir sua própria família. Para a alegria e orgulho de seus pais e atendimento ao enunciado bíblico. Mas a insensatez humana lhe roubou o futuro. O presente não mais existe. Só restaram a saudade, a dor e as lembranças do passado tão curto, pois não lhe deram chance de ter o amanhã. Talvez o destino tenha a sua parcela de contribuição, por não se saberes os desígnios de Deus.
O fato é que naquele lindo dia de 19 de novembro (Dia da Bandeira) do ano de 2015, ao começo da bela manhã ensolarada na zona rural de Coreaú, sua mãe o embarcou no tal "ônibus escolar" para levá-lo à escola, como fazia todos os dias. O transporte estava sempre lotado de crianças, mas Lucas sequer chegou à escola, pois o caminho da escola foi tragicamente interrompido quando foi lançado para fora do veículo pelo para-brisa, jogado ao chão e com morte imediata, e tudo fruto do descaso e negligência do Poder Público. Lucas é mais um anjinho no Céu.
As Leis da Física (Lei da Quantidade de Movimento e a da Inércia) e o Diário do Nordeste não negam. Se o tal "ônibus escolar" tivesse os cintos de segurança nos bancos, certamente ele estaria vivo na casa dos seus pais. Mas não, é todo irregular: pneus carecas, ferrugem, extintor de incêndio ninguém sabe, sem identificação horizontal indicando transporte escolar, monitor responsável dentro do ônibus ninguém sabe, sem sinto de segurança nos bancos do velho e surrado veículo de mais de vinte anos de uso, além do motorista que não seria habilitado para dirigir o "Amarelão".
O pai de Lucas (Sr. José Francisco da Rocha) já havia reclamado e denunciado a gravidade do caso do veículo à diretora da Escola, mas nada foi feito e nenhuma providência foi tomada para amenizar ou resolver os graves problemas do transporte escolar daquela zona rural. E ninguém fez nada. E a tragédia anunciada, infelizmente, aconteceu.
E os órgãos fiscalizadores (Prefeitura Municipal de Coreaú/Secretaria Municipal de Educação, Ministério Público do Estado do Ceará, Defensoria Pública, Conselho Tutelar, TCM, TCE etc.), onde andavam e o que faziam, enquanto debaixo dos seus olhos e de suas narinas as Leis e as Normas pertinentes de transporte escolar eram permanente e diuturnamente afrontadas, violadas e desrespeitadas (CRFB/1988, CBT, ECA etc.), e nada era ou foi feito?! Pois se algo tivesse sido feito, não impediria de ocorrer o acidente (pois acidentes acontecem), mas a vida da criança não teria sido grotescamente sacrificada. E não foi por falta de aviso não. O pai de Lucas já havia reclamado e denunciado os graves problemas do ônibus à diretora da Escola e ao Jornal Diário do Nordeste fez e estampou uma extraordinária e completa reportagem especial com o título "(DES) CAMINHOS DA ESCOLA" nesse mesmo corrente ano de 2015, alertando e denunciando tudo e todas as irregularidades, e, mesmo assim, ninguém fez nada e nada foi feito para amenizar e/ou resolver os graves problemas, salvo uma operação policial noticiada naquele mesmo dia.
O desabado do pai de Lucas registrada na matéria do jornal, ao saber do trágico sinistro, é de sensibilizar e chocar qualquer pessoa, menos as insensíveis, e, ao que parece, de quem teria o dever de evitar que isso acontecesse, pois não há como não se indignar com a situação e com o ocorrido.
Se o Poder Público trata as crianças de hoje dessa maneira, como quererão que sejam os homens do amanhã?!
Muito menos seremos uma "Pátria Educadora".
Pêsames a família enlutada.
Cosmo Carvalho
Membro da APL