sábado, 4 de julho de 2015

TARDE SERTANEJA



Tarde rubra sertaneja,
Tens a cor da solidão;
Obra-prima benfazeja,
Do Senhor da criação.
Lento filme desbotado,
Em lampejo inusitado,
Me revejo neste chão.
No cenário de menino,
Triste aboio vespertino
Do vaqueiro sem gibão.

Lá distante a velha serra
Inda azula a imensidão;
Quase nada cobre a terra
No calor da alta estação:
Mata branca ressequida, 
Uma aragem esmaecida
E a cigarra em louvação.
Pinta o artista em sua tela
A paisagem inculta e bela
Do crepúsculo no sertão.

Eliton Meneses
Foto: Mardone França

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