sexta-feira, 24 de julho de 2015

LIBERALISMO


A Revista Veja transformou-se num panfleto do liberalismo político-econômico a serviço do neocolonialismo. Ocorre que o liberalismo, que volta e meia reaparece como algo novo, inclusive ultimamente com o rótulo de neoliberalismo, é uma corrente ideológica coberta de poeira e teia de aranha, desmentida, entre nós, desde os primeiros dias da Proclamação de República.
Nos estertores do Império, Rui Barbosa era um liberal convicto, que defendia intransigentemente a doutrina do Estado mínimo, elevando-a até à categoria de dogma. No entanto, mal escoado um mês desde o 15 de novembro de 1889, o nosso sábio "Águia de Haia", na condição de Ministro da Fazenda da República recém-inaugurada, teve que rever os seus conceitos: "Não nos encerremos nas teorias estreitas de certos utopistas, notáveis pela intransigência do seu fanatismo e pela sua incapacidade na prática das cousas humanas, que pretendem modelar o mundo por fórmulas abstratas, nunca experimentadas, querem reduzir o papel do Estado a uma perpétua desconfiança contra as maravilhas das grandes organizações industriais, e negam a vantagem, para as nações, da interferência discreta da administração provocando, acoroçoando, favorecendo os empreendimentos do capital, da riqueza acumulada, das grandes aglomerações do trabalho ao serviço da inteligência, da fortuna e da ambição temperada pelo patriotismo... Ao Estado, nesta fase social, cabe sem dúvida um grande papel na atividade criadora, acudindo a todos os pontos onde o princípio individual reclame a cooperação suplementar das forças coletivas." (Apud Raymundo Faoro. Os donos do poder. Vol. 2. Ed. Globo. 1987. p. 509).
O liberalismo, ao longo da história, já mostrou a que veio e, sobretudo, para quem veio. Não nos deixemos ludibriar mais uma vez por essa velha cantilena desbotada.

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