segunda-feira, 25 de maio de 2020

Dez livros que mais me influenciaram


1. Dom Quixote de La Mancha, Cervantes. Narrando as andanças do engenhoso cavalheiro idealista, defensor dos fracos e oprimidos, sempre acompanhado do seu fiel escudeiro, parvo e realista, Sancho Pança, Dom Quixote é um clássico da humanidade, eleito em 2002 o melhor livro da literatura de todos os tempos, numa pesquisa de opinião realizada pelo Instituto Nobel da Noruega com os mais renomados escritores da época.

2. Cem anos de solidão, Gabriel García Márquez. Cem anos de solidão desbrava um território antes inexplorado, abre uma dimensão do nosso inconsciente latino-americano esquecido em meio a superficialidades tão óbvias. A impressão que tive ao visitar Macondo é de ter revisitado também a minha Coreaú, de ter penetrado na minha própria história por um atalho que me trouxe de volta cores, cheiros e gostos de outros tempos, de um tempo que realmente dá voltas em torno de si.

3. A Divina Comédia, Dante. A Divina Comédia, o maior de todos os poemas, um farol que alumiou em plena Idade Média e conduziu a humanidade para uma nova era. Dante, guiado inicialmente pelo poeta Virgílio e depois por sua amada Beatriz, percorre o Inferno, o Purgatório e o Paraíso, partindo de uma selva escura até o encontro com a luz eterna, numa perfeita tradução de toda a saga humana.

4. Os Irmãos Karamazov, Dostoiévski. Para Freud, a maior obra da história, Os Irmãos Karamazov, último livro do Dostoiévski, retrata a complexidade da condição humana a partir do complexo de Édipo. "O demônio luta com Deus e o campo de batalha é o coração humano."

5. Obra Poética, Borges. Ler a Obra Poética de Jorge Luis Borges é como percorrer o labirinto da cultura humana, procurando, como Édipo, decifrar os enigmas da vida, ciente de que: "Nuestro hermoso deber es imaginar que hay un laberinto y un hilo." (Borges)

6. A Gaia Ciência, Nietzsche. A Gaia Ciência do Nietzsche reúne 383 aforismos, nos quais o filósofo expõe suas ideias sobre arte, moral, história, política, conhecimento, religião, guerra, ilusão, verdade... "A eterna ampulheta da existência será sempre invertida — e você com ela..."

7. História Econômica do Brasil, Caio Prado Júnior. A História Econômica do Brasil do Caio Prado Júnior revela as contradições e as causas além das aparências que permeiam cada etapa do (sub)desenvolvimento econômico brasileiro.

8. As veias abertas da América Latina, Eduardo Galeano. As veias abertas da América Latina do Eduardo Galeano retratam a história da América Latina, desde o período da colonização europeia até a atualidade, denunciando a exploração econômica e a dominação política do continente, inicialmente pelos europeus e seus descendentes e, depois, pelos Estados Unidos. "Nossa comarca do mundo, que hoje chamamos de América Latina, foi precoce: especializou-se em perder desde os remotos tempos em que os europeus do Renascimento se abalançaram pelo mar e fincaram os dentes em sua garganta. Passaram os séculos, e a América Latina aperfeiçoou suas funções. (...) Mas a região continua trabalhando como um serviçal. Continua existindo a serviço de necessidades alheias, como fonte e reserva de petróleo e ferro, cobre e carne, frutas e café, matérias-primas e alimentos, destinados aos países ricos que ganham, consumindo-os, muito mais do que a América Latina ganha produzindo-os."

9. Bhagavad Gita, Krishna. No campo de Kurukshetra, na iminente batalha entre Kauravas e Pandavas, Krishna apresenta ao hesitante Arjuna a alternativa do reto-agir, instando-o a lutar pela reconquista da essência do ser, usurpada pelos agentes do ego. O Bhagavad Gita é o livro mais célebre do Mahabharata e é o texto mais venerado pelos hindus. Quem já ouviu a música Gita, do Raul Seixas, já ouviu um pouco do Bhagavad Gita... Mahatma Gandhi teria dito que, se toda a literatura espiritual da humanidade perecesse e só se salvasse o Sermão da Montanha e o Bhagavad Gita, nada estaria perdido.

10. Novo Testamento, Cristo. Se Nietzsche confessa que "a maior parte de nossa atuação intelectual ocorre de forma inconsciente e imperceptível para nós", Cristo nos ensina a criar uma nova humanidade a partir de uma consciência elevada que desafia as pulsões do homem primitivo e assegura um novo mundo aos pobres de espírito, aos que têm fome e sede de justiça, aos que transcendem o próprio ego a partir do amor a Deus e ao próximo... O Velho Testamento é um livro histórico, o livro sagrado é o Novo Testamento.

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