domingo, 31 de maio de 2020
segunda-feira, 25 de maio de 2020
Dez livros que mais me influenciaram
1. Dom Quixote de La Mancha, Cervantes. Narrando as andanças do engenhoso cavalheiro idealista, defensor dos fracos e oprimidos, sempre acompanhado do seu fiel escudeiro, parvo e realista, Sancho Pança, Dom Quixote é um clássico da humanidade, eleito em 2002 o melhor livro da literatura de todos os tempos, numa pesquisa de opinião realizada pelo Instituto Nobel da Noruega com os mais renomados escritores da época.
2. Cem anos de solidão, Gabriel García Márquez. Cem anos de solidão desbrava um território antes inexplorado, abre uma dimensão do nosso inconsciente latino-americano esquecido em meio a superficialidades tão óbvias. A impressão que tive ao visitar Macondo é de ter revisitado também a minha Coreaú, de ter penetrado na minha própria história por um atalho que me trouxe de volta cores, cheiros e gostos de outros tempos, de um tempo que realmente dá voltas em torno de si.
3. A Divina Comédia, Dante. A Divina Comédia, o maior de todos os poemas, um farol que alumiou em plena Idade Média e conduziu a humanidade para uma nova era. Dante, guiado inicialmente pelo poeta Virgílio e depois por sua amada Beatriz, percorre o Inferno, o Purgatório e o Paraíso, partindo de uma selva escura até o encontro com a luz eterna, numa perfeita tradução de toda a saga humana.
4. Os Irmãos Karamazov, Dostoiévski. Para Freud, a maior obra da história, Os Irmãos Karamazov, último livro do Dostoiévski, retrata a complexidade da condição humana a partir do complexo de Édipo. "O demônio luta com Deus e o campo de batalha é o coração humano."
5. Obra Poética, Borges. Ler a Obra Poética de Jorge Luis Borges é como percorrer o labirinto da cultura humana, procurando, como Édipo, decifrar os enigmas da vida, ciente de que: "Nuestro hermoso deber es imaginar que hay un laberinto y un hilo." (Borges)
6. A Gaia Ciência, Nietzsche. A Gaia Ciência do Nietzsche reúne 383 aforismos, nos quais o filósofo expõe suas ideias sobre arte, moral, história, política, conhecimento, religião, guerra, ilusão, verdade... "A eterna ampulheta da existência será sempre invertida — e você com ela..."
7. História Econômica do Brasil, Caio Prado Júnior. A História Econômica do Brasil do Caio Prado Júnior revela as contradições e as causas além das aparências que permeiam cada etapa do (sub)desenvolvimento econômico brasileiro.
8. As veias abertas da América Latina, Eduardo Galeano. As veias abertas da América Latina do Eduardo Galeano retratam a história da América Latina, desde o período da colonização europeia até a atualidade, denunciando a exploração econômica e a dominação política do continente, inicialmente pelos europeus e seus descendentes e, depois, pelos Estados Unidos. "Nossa comarca do mundo, que hoje chamamos de América Latina, foi precoce: especializou-se em perder desde os remotos tempos em que os europeus do Renascimento se abalançaram pelo mar e fincaram os dentes em sua garganta. Passaram os séculos, e a América Latina aperfeiçoou suas funções. (...) Mas a região continua trabalhando como um serviçal. Continua existindo a serviço de necessidades alheias, como fonte e reserva de petróleo e ferro, cobre e carne, frutas e café, matérias-primas e alimentos, destinados aos países ricos que ganham, consumindo-os, muito mais do que a América Latina ganha produzindo-os."
9. Bhagavad Gita, Krishna. No campo de Kurukshetra, na iminente batalha entre Kauravas e Pandavas, Krishna apresenta ao hesitante Arjuna a alternativa do reto-agir, instando-o a lutar pela reconquista da essência do ser, usurpada pelos agentes do ego. O Bhagavad Gita é o livro mais célebre do Mahabharata e é o texto mais venerado pelos hindus. Quem já ouviu a música Gita, do Raul Seixas, já ouviu um pouco do Bhagavad Gita... Mahatma Gandhi teria dito que, se toda a literatura espiritual da humanidade perecesse e só se salvasse o Sermão da Montanha e o Bhagavad Gita, nada estaria perdido.
10. Novo Testamento, Cristo. Se Nietzsche confessa que "a maior parte de nossa atuação intelectual ocorre de forma inconsciente e imperceptível para nós", Cristo nos ensina a criar uma nova humanidade a partir de uma consciência elevada que desafia as pulsões do homem primitivo e assegura um novo mundo aos pobres de espírito, aos que têm fome e sede de justiça, aos que transcendem o próprio ego a partir do amor a Deus e ao próximo... O Velho Testamento é um livro histórico, o livro sagrado é o Novo Testamento.
domingo, 24 de maio de 2020
Necropolítica
Bolsonaro tem quatro pilares fundamentais de apoio: 1) o núcleo econômico, apelidado de "setor produtivo", formado por ruralistas e empresários vorazes; 2) o núcleo religioso, com seus fiéis (evangélicos e católicos) fundamentalistas; 3) o núcleo cibernético, com os "anônimos" da indústria de "fake news" e 4) o núcleo militar, com as viúvas e saudosistas da ditadura militar. Apesar do vigor desses quatro pilares, a longevidade do governo Bolsonaro dependerá mais da recuperação a curto prazo da economia no pós-pandemia do que da atuação desses quatro núcleos. O governo sabe disso e por isso insiste tanto na retomada a todo custo das atividades econômicas, mesmo no ápice da crise de saúde. Para um governo insensível, em 2022, as mortes serão esquecidas; os efeitos da crise econômica, não. Há um cálculo político nisso. Um cálculo e uma certeza de que não há governo que resista a uma crise econômica crônica...
sábado, 23 de maio de 2020
sábado, 16 de maio de 2020
quinta-feira, 14 de maio de 2020
quarta-feira, 13 de maio de 2020
Totem e tabu : Freud
"O tabu é uma expressão e um produto da crença dos povos primitivos em forças demoníacas."
"Em quase todo lugar em que o totem é vigente, também existe a lei de que membros do mesmo totem não podem manter relações sexuais entre si, ou seja, de que também não podem se casar uns com os outros. Trata-se da exogamia vinculada ao totem."
"Criou-se uma situação não resolvida, uma fixação psíquica, e todo o resto se deriva do conflito permanente entre proibição e impulso."
"O fundamento do tabu é um ato proibido para o qual existe uma forte inclinação no inconsciente."
"Se os outros não punissem a violação, necessariamente se dariam conta de que querem fazer o mesmo que o transgressor."
"Em muitos povos selvagens, o rigor das restrições do tabu para os reis-sacerdotes teve uma consequência que é historicamente significativa e especialmente interessante para nossos pontos de vista. A dignidade do rei-sacerdote deixou de ser algo desejável; quem estivesse na iminência de assumi-la, muitas vezes empregava todos os meios para se esquivar dela."
"O tabu cresceu no solo de uma disposição emocional ambivalente."
"A consciência moral é a percepção interior do repúdio a determinadas moções de desejo existentes em nós."
"O tabu é um mandamento da consciência moral, e sua violação faz surgir um terrível sentimento de culpa, que é tão evidente quanto é desconhecida a sua origem."
"Onde existir uma proibição deve haver um desejo por trás."
"A lei apenas proíbe aos seres humanos aquilo que poderiam fazer sob a pressão de seus impulsos. A lei não precisa proibir e punir o que a própria natureza proíbe e pune."
"A regra de que todo participante da refeição sacrificial tem de comer da carne do animal sacrificado tem o mesmo sentido que a prescrição de que a execução de um membro culpado da tribo deve ser efetuada por toda a tribo."
"A psicanálise nos revelou que o animal totêmico é realmente o substituto do pai, e se harmonizava com isso a contradição de que normalmente é proibido matá-lo e que sua morte se transforme em festividade – que o animal seja morto e, no entanto, pranteado. A atitude emocional ambivalente que ainda hoje caracteriza o complexo paterno em nossas crianças, e que muitas vezes prossegue na vida dos adultos, também se estenderia ao animal totêmico, substituto do pai."
"Podemos dar uma resposta se recorremos à celebração da refeição totêmica: certo dia, os irmãos expulsos se reuniram, mataram o pai e o devoraram, e assim deram um fim à horda paterna. Unidos, eles ousaram e realizaram o que teria sido impossível ao indivíduo. (Talvez um progresso cultural, como a utilização de uma nova arma, tenha lhes dado a sensação de superioridade.) O fato de também devorarem o assassinado é algo óbvio para os selvagens canibais. O violento pai primordial era certamente o modelo invejado e temido de cada membro do grupo de irmãos. Agora, no ato de devorá-lo, eles realizam a identificação com ele; cada um se apropria de uma parte de sua força. A refeição totêmica, talvez a primeira festa da humanidade, seria a repetição e a comemoração desse ato memorável e criminoso com o qual tantas coisas tiveram o seu início, tais como as organizações sociais, as restrições morais e a religião."
"Para cada pessoa o deus é moldado de acordo com o pai, que sua relação pessoal com deus depende de sua relação com o pai carnal, oscila e se transforma com esta, e que deus, no fundo, não é outra coisa senão um pai elevado."
"Havia outro caminho para o apaziguamento dessa consciência de culpa, e este veio a ser trilhado apenas por Cristo. Ele morreu e sacrificou sua própria vida, e assim libertou o grupo de irmãos do pecado original."
(Totem e tabu, Sigmund Freud)
terça-feira, 5 de maio de 2020
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